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Angraporto recebe multa de R$ 2,5 milhões
Investigada pela PF, empresa foi notificada pela prefeitura de Angra dos Reis por não ter pago ISS desde que se instalou na cidade
Acusada de fraudar licitação
da Petrobras, a empresa
não se manifestou, mas
reconheceu dívida e pediu
parcelamento em 60 vezes
SERGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL A ANGRA DOS REIS (RJ)
Por não pagar os impostos
municipais desde sua instalação na cidade, em junho de
2005, a Angraporto Offshore
Logística Limitada foi multada
em R$ 2,5 milhões pela Prefeitura de Angra dos Reis, no Rio.
Inspeção de surpresa no escritório local da Angraporto
empreendida por fiscais da Secretaria Municipal da Fazenda
constatou que a empresa, só em
Angra dos Reis, registrou faturamento de R$ 31 milhões nos
exercícios referentes aos anos
de 2005 e 2006. Segundo a secretaria, a quantia nunca foi declarada à prefeitura.
No último dia 26, o município apresentou à Angraporto
três autos de infração referentes ao não-pagamento do ISS
(Imposto sobre Serviços). Em
resposta, a empresa reconheceu a dívida, mas pediu parcelamento em 60 vezes.
A Secretaria de Fazenda ainda analisa o pedido da Angraporto, cujos dirigentes são acusados pelo Ministério Público
Federal e pela Polícia Federal
de comandar organização criminosa especializada em fraudar licitações da Petrobras.
Quatro deles estão presos.
O secretário José Nicodemus
disse que a inspeção extraordinária constatou pelo menos
mais duas irregularidades que
estariam sendo cometidas pela
Angraporto: a falta de emissão
de notas fiscais eletrônicas e o
não-recolhimento, aos cofres
da prefeitura, dos valores de
tributos devidos pela contratação de empresas terceirizadas.
A prefeitura avalia que prestam serviços à Angraporto no
município funcionários de pelo
menos 30 empresas, contratados tanto para funções especializadas do setor portuário
quanto para tarefas comuns,
como limpeza e alimentação.
Segundo Nicodemus, em no
máximo dez dias a Angraporto
receberá multas decorrentes
das duas práticas que a prefeitura considera ilegais. Os valores ainda estão sendo estudados pela Secretaria da Fazenda.
O preço da multa pela não-emissão de notas eletrônicas é
de 30% do valor que deveria
constar no documento fiscal.
"A Angraporto só emitia notas manuais. Pela lei municipal
1.445, de 2003, empresas com
faturamento anual superior a
R$ 500 mil são obrigadas a emitir as notas eletrônicas", afirmou o secretário.
A sede da empresa em Angra
dos Reis fica dentro do porto.
Seguranças impediram a Folha
de ter acesso ontem às instalações portuárias. Pelo interfone,
funcionários da empresa disseram que não receberiam a reportagem. Segundo a Folha
apurou no local, os diretores da
empresa vão pouco à cidade.
A Angraporto integra o grupo comandado pela companhia
Planeta Operadora, que arrendou por 25 anos a exploração
do porto de Angra. Até anteontem, estava atracada no píer a
plataforma P-14, cuja licitação
para reparos foi fraudada, conforme a denúncia da Procuradoria e a conclusão do delegado
Cláudio Nogueira, que preside
o inquérito da PF.
A Folha tentou ouvir a Angraporto sobre as multas aplicadas pela prefeitura e as supostas irregularidades cometidas no município. A empresa
preferiu não se manifestar.
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