São Paulo, segunda-feira, 14 de julho de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Isola o Gomes

Aconteça o que acontecer a Daniel Dantas em conseqüência da Operação Satiagraha, o Planalto avalia que o relatório do delegado Protógenes Queiroz é devastador para o ex-deputado petista Luiz Eduardo Greenhalgh, que aparece no grampo apertando todos os botões possíveis -a começar pelos do palácio- para fazer valer os interesses do banqueiro no governo.
"Gomes", como o chamam os demais colaboradores de Dantas, não é personagem fácil de atirar ao mar, dadas suas relações históricas com pessoas como o chefe-de-gabinete Gilberto Carvalho e o próprio Lula. Mas a instalação do cordão sanitário já começou. Petistas antes próximos agora ponderam que LEG, embora faça parte do diretório nacional, está afastado da vida partidária, mais ocupado em "tocar sua banca".



Sigiloso 1. Entre os funcionários do Planalto que tiveram conversas com Greenhalgh grampeadas está Evanise Santos, namorada de José Dirceu. Cuidadosa com as palavras, ela avisa ao ex-deputado que "seu amigo está chegando entre quatro e cinco horas" e expressa uma dúvida sobre o encontro que ambos terão em seguida: "tô só esperando a resposta se é melhor fazer no hangar ou no hotel".

Sigiloso 2. Pouco depois, liga para Greenhalgh William, que se identifica como "funcionário do senhor José Dirceu" e avisa que o encontro vai ser "lá no hangar da TAM" no aeroporto de Brasília.

Mãozinha. Não se sabe por que o pessoal de Daniel Dantas resolveu apelidar Greenhalgh de "Gomes", mas há quem veja semelhança entre o ex-deputado e o pai da cinematográfica família Adams.
Surfe. Correligionários já perceberam que Tarso Genro enxerga no caso DD uma oportunidade de alavancar suas chances na disputa pela vaga do PT na sucessão de Lula. Isso apesar de a Operação Satiagraha ser obra de uma banda da Polícia Federal sobre a qual o ministro da Justiça não tem o menor controle.

Inversão. Em entrevista à Folha, Tarso disse considerar difícil que Dantas "consiga provar que é inocente". Um leitor pergunta ao ministro: "não é o Estado que tem de provar que ele é culpado?".

Ultrapassagem. Advogados que analisaram o despacho de Gilmar Mendes ao conceder o segundo habeas corpus em favor de Daniel Dantas avaliam que em pelo menos um ponto o presidente do Supremo avançou sobre a análise do mérito: ao dizer que um bilhete apócrifo não pode ser aceito como prova.

Master of universe. DD no grampo, a propósito de uma decisão de negócio: "Porque se eu disse que vai acontecer, vai acontecer".

Cotação 1. O PTB do ministro das Relações Institucionais, José Múcio, tenta emplacar Luiz Felipe Denucci na presidência da Casa da Moeda. A bancada do partido há muito se queixa de comandar menos cargos do que as demais siglas aliadas.

Cotação 2. Desde o escândalo do mensalão, está à frente da Casa da Moeda José Barbosa dos Santos, funcionário do BC. Antes, o posto era de Manoel Severino dos Santos, nada menos que o segundo maior destinatário, dentro do PT, dos repasses de Marcos Valério (R$ 2,7 mi entre agosto de 2003 e julho de 2004).

E se... Com Marta Suplicy rondando a casa dos 40% e a nação demo-tucana dividida, um cenário de sonho começa a passar pela cabeça do petismo: Alckmin e Kassab empacam; Maluf derrete e seus votos entre os pobres migram para a ex-prefeita, que então venceria no primeiro turno.

VIP. Marta já definiu suas próximas agendas com o pelotão de frente do governo Lula. Levará ao palanque o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, e o deputado Ciro Gomes (PSB-CE).

com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"O uso de algemas não deveria ser algo corriqueiro nas diligências policiais."

Do ministro MARCO AURÉLIO MELLO , relator de caso sobre essa matéria que o Supremo Tribunal Federal apreciará no próximo dia 6. Para o ministro da Justiça, Tarso Genro, a crítica ao uso de algemas "denota a ausência de uma cultura sólida no país".

Contraponto

Pra mim é fome

Com uma extensa lista de tucanos e "demos" pedindo a palavra no plenário do Senado, dias atrás, o governista Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) se desdobrava na tentativa de apaziguar os ânimos quando a líder da bancada do PT, Ideli Salvatti (SC), subiu à tribuna.
-Olha, já vou avisando que o pessoal está meio estressado hoje-, alertou Valadares.
-É que o Álvaro Dias não almoçou-, provocou Ideli.
Os senadores se entreolharam, o clima ameaçou esquentar de novo, até que a própria petista resolveu recuar e dar sua receita para desanuviar o ambiente:
-Vamos todos comer um sanduichinho!


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