São Paulo, terça-feira, 14 de agosto de 2001

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SUCESSÃO NO ESCURO

Ala governista da sigla quer manter ministérios até final do ano, quando decidirá se segue na aliança

PMDB fica com FHC ao menos até dezembro

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Confiante de que vencerá a convenção do PMDB em 9 de setembro, a ala governista do partido fechou um acordo com o presidente Fernando Henrique Cardoso para continuar no ministério pelo menos até dezembro.
O grupo, uma união de 5 dos 6 governadores do partido mais a chamada cúpula nacional, planeja avaliar no final do ano se valerá a pena permanecer no ministério e se aliar ao PSDB e ao PFL nas eleições de 2002.
Outras duas hipóteses em análise são: disputar a Presidência com candidato próprio ou apoiar um candidato da oposição ao Planalto -a menos provável.
FHC aceitou o acordo que permite ao PMDB fazer jogo triplo por avaliar que precisa do apoio congressual do partido para terminar bem o mandato. E porque é o preço para inviabilizar a candidatura presidencial do governador de Minas, Itamar Franco, pela sigla. O presidente crê que o incômodo acerto com o PMDB lhe dará gás para recuperar popularidade e cacife eleitoral. Na avaliação de FHC, em março ele estará em condições de atrair os peemedebistas para uma aliança nas eleições de 2002.
Em setembro, a ala governista do PMDB deverá eleger o deputado federal Michel Temer (SP) presidente do partido e ganhar a maioria dos postos de comando. Se confirmado, o resultado será uma vitória de FHC.
No entanto, interessaria aos governistas manter Itamar no partido, desde que tivessem controle sobre o governador. Isso daria mais cacife ao grupo, que poderia até mesmo apoiá-lo para o Palácio do Planalto.
Como Itamar não quer deixar o destino nas mãos dos governistas, retirou a sua candidatura ao comando do PMDB quando pressentiu que seria derrotado na convenção de setembro. Em 1998, o governador foi impedido de disputar a Presidência devido à vitória dos setores que desejavam apoiar a reeleição de FHC.
Para evitar uma eventual humilhação partidária, o governador mineiro está negociando sua filiação ao PDT. São remotas as chances de ele continuar no PMDB.
Mesmo sem Itamar, restará um importante trunfo aos peemedebistas: o controle do horário eleitoral gratuito do partido. É com essa carta que o grupo discutirá sua estratégia eleitoral para 2002.
O PMDB elegeu a terceira maior bancada parlamentar em 1998, o que lhe dá a mesma posição no ranking de partidos com maior tempo de TV. No cenário com 11 candidatos ao Planalto, por exemplo, o partido teria assegurados cinco minutos e 24 segundos.
Hoje, o discurso dos caciques governistas é de que será inevitável a candidatura própria a presidente. Se Itamar sair mesmo do PMDB, o senador Pedro Simon (RS) é o presidenciável da sigla.
Os peemedebistas avaliam que, se os presidenciáveis governistas mantiverem baixo índice de intenção de voto nas pesquisas, será melhor disputar com um nome próprio. A aliança com PSDB e PFL aconteceria apenas no caso de um postulante do governo passar ao segundo turno.
No entanto, os peemedebistas admitem se aliar ao PSDB e ao PFL caso um candidato do campo governista esteja bem nas pesquisas, entre 15% e 20% de intenção de voto em março de 2002.
Em troca, vão oferecer o tempo de TV e exigir de tucanos e pefelistas acordos estaduais que beneficiem seus candidatos a governador, a senador e a deputado. No ano que vem, haverá eleição para a Presidência, os governos, senador e deputado federal e estadual.



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