|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SUCESSÃO NO ESCURO
Ala governista da sigla quer manter ministérios até final do ano, quando decidirá se segue na aliança
PMDB fica com FHC ao menos até dezembro
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Confiante de que vencerá a convenção do PMDB em 9 de setembro, a ala governista do partido fechou um acordo com o presidente Fernando Henrique Cardoso
para continuar no ministério pelo
menos até dezembro.
O grupo, uma união de 5 dos 6
governadores do partido mais a
chamada cúpula nacional, planeja
avaliar no final do ano se valerá a
pena permanecer no ministério e
se aliar ao PSDB e ao PFL nas eleições de 2002.
Outras duas hipóteses em análise são: disputar a Presidência com
candidato próprio ou apoiar um
candidato da oposição ao Planalto -a menos provável.
FHC aceitou o acordo que permite ao PMDB fazer jogo triplo
por avaliar que precisa do apoio
congressual do partido para terminar bem o mandato. E porque
é o preço para inviabilizar a candidatura presidencial do governador de Minas, Itamar Franco, pela
sigla. O presidente crê que o incômodo acerto com o PMDB lhe dará gás para recuperar popularidade e cacife eleitoral. Na avaliação
de FHC, em março ele estará em
condições de atrair os peemedebistas para uma aliança nas eleições de 2002.
Em setembro, a ala governista
do PMDB deverá eleger o deputado federal Michel Temer (SP) presidente do partido e ganhar a
maioria dos postos de comando.
Se confirmado, o resultado será
uma vitória de FHC.
No entanto, interessaria aos governistas manter Itamar no partido, desde que tivessem controle
sobre o governador. Isso daria
mais cacife ao grupo, que poderia
até mesmo apoiá-lo para o Palácio do Planalto.
Como Itamar não quer deixar o
destino nas mãos dos governistas,
retirou a sua candidatura ao comando do PMDB quando pressentiu que seria derrotado na convenção de setembro. Em 1998, o
governador foi impedido de disputar a Presidência devido à vitória dos setores que desejavam
apoiar a reeleição de FHC.
Para evitar uma eventual humilhação partidária, o governador
mineiro está negociando sua filiação ao PDT. São remotas as chances de ele continuar no PMDB.
Mesmo sem Itamar, restará um
importante trunfo aos peemedebistas: o controle do horário eleitoral gratuito do partido. É com
essa carta que o grupo discutirá
sua estratégia eleitoral para 2002.
O PMDB elegeu a terceira maior
bancada parlamentar em 1998, o
que lhe dá a mesma posição no
ranking de partidos com maior
tempo de TV. No cenário com 11
candidatos ao Planalto, por exemplo, o partido teria assegurados
cinco minutos e 24 segundos.
Hoje, o discurso dos caciques
governistas é de que será inevitável a candidatura própria a presidente. Se Itamar sair mesmo do
PMDB, o senador Pedro Simon
(RS) é o presidenciável da sigla.
Os peemedebistas avaliam que,
se os presidenciáveis governistas
mantiverem baixo índice de intenção de voto nas pesquisas, será
melhor disputar com um nome
próprio. A aliança com PSDB e
PFL aconteceria apenas no caso
de um postulante do governo passar ao segundo turno.
No entanto, os peemedebistas
admitem se aliar ao PSDB e ao
PFL caso um candidato do campo
governista esteja bem nas pesquisas, entre 15% e 20% de intenção
de voto em março de 2002.
Em troca, vão oferecer o tempo
de TV e exigir de tucanos e pefelistas acordos estaduais que beneficiem seus candidatos a governador, a senador e a deputado. No
ano que vem, haverá eleição para
a Presidência, os governos, senador e deputado federal e estadual.
Texto Anterior: Grafite Próximo Texto: Grupo anti-FHC busca nome para presidir PMDB Índice
|