São Paulo, terça-feira, 14 de agosto de 2001

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MILITARES

Empresas européias querem parceria com brasileira em licitação da FAB

Consórcio faz oferta à Embraer

IGOR GIELOW
COORDENADOR DA AGÊNCIA FOLHA

Em um lance inusitado, o consórcio que une a Saab (Suécia) e a British Aerospace (Reino Unido) fez uma oferta à brasileira Embraer para a fabricação do avião de combate Gripen -um dos concorrentes à vaga de novo caça da FAB (Força Aérea Brasileira), que lançou a licitação de US$ 700 milhões na semana passada.
Nem a Embraer entendeu. ""Não há a intenção de fazer consórcio nessa área para essa disputa", afirmou o presidente da fabricante brasileira, Maurício Botelho.
O motivo é simples: a Embraer já tem um acordo com a francesa Dassault para a co-produção do caça Mirage 2000-5, um dos concorrentes. Mais: 20% da brasileira já é de um consórcio francês, do qual a mesma Dassault faz parte.
""Além da transferência de alta tecnologia para produtos da indústria aerospacial, o consórcio europeu quer desenvolver projetos de cooperação comercial em outros segmentos da indústria nacional", afirma nota da Saab.
O texto bate com o que a FAB anunciou como precondição para a escolha do novo avião. Numa frota de 12 a 24 unidades, o aparelho irá substituir os 18 Mirage F-103 da FAB, com vida útil até 2005. Não há detalhes da oferta, que será explicada amanhã. O Gripen ganhou concorrência em 2000 na África do Sul por ofertar transferência tecnológica.
O anúncio mostra que a licitação da FAB será dura. Para a Dassault-Embraer, havia duas grandes vantagens: a construção no Brasil e o fato de a frota atual já ser de Mirage, o que facilita o treinamento. Contra, pesam a acelerada obsolescência do projeto e a desconfiança de domínio francês no equipamento da FAB.
Outra concorrente, a russa Sukhoi, também promete um programa de transferência tecnológica para o Brasil comprar seus Su-27. Apesar de os russos não terem uma imagem boa quando se trata de manutenção de seus produtos, o aparelho é considerado ideal para as condições brasileiras.
Agora, é a vez da Saab mostrar as cartas, que podem incluir modificações no alcance do Gripen -um moderno aparelho, mas limitado para as operações em longa distância no Brasil.
Os dois concorrentes norte-americanos, Lockheed (F-16) e Boeing (F/A-18), ainda não apresentaram suas propostas.
Os rivais restantes, Eurofighter (consórcio europeu) e MiG-29 (RAC, russo), não se pronunciaram e têm menores chances.



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