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LAVOURA ARCAICA
Norberto Mânica foi detido no Paraná
Força-tarefa prende o acusado de ser mandante de morte de fiscais
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma força-tarefa formada pela
Polícia Federal e a Polícia Civil de
Minas Gerais prendeu no início
da noite de ontem Norberto Mânica, um dos principais produtores de feijão do país, acusado de
ser o mandante do assassinato de
quatro servidores do Ministério
do Trabalho, ocorrido em janeiro
em Unaí (noroeste mineiro).
Os policiais realizaram operações de busca e apreensão no início da noite, em algumas fazendas
da região. O objetivo da prisão, segundo apurou a Folha, é dar tempo aos investigadores para levantar mais provas e evitar a coação
de testemunhas por parte do fazendeiro. Mânica foi indiciado
pela PF no dia 6 de agosto, depois
de prestar o segundo depoimento
à força-tarefa.
O fazendeiro foi preso ontem no
Paraná, onde estava em suposta
viagem de visita a familiares que
vivem naquele Estado. Ele seria
transferido ainda hoje para Brasília, em avião da PF.
A PF ainda suspeita do envolvimento de outros fazendeiros da
região, que teriam organizado
uma espécie de "consórcio" para
pagar a chacina. De acordo com o
inquérito, a morte dos fiscais teria
custado cerca de R$ 50 mil.
Eles foram mortos no dia 28 de
janeiro em uma estrada vicinal da
área rural de Unaí, pólo nacional
de produção de feijão. Naquele
dia, João Batista Soares Lage,
Erastótenes de Almeida Gonçalves e Nelson José da Silva e seu
motorista Ailton Pereira de Oliveira receberam tiros na nuca e na
cabeça ao pararem para dar informações a dois estranhos.
Os servidores preparavam-se
para um dia de rotina, percorrendo propriedades da região para
verificar as condições de trabalho
da mão-de-obra na colheita do
feijão. O crime provocou reação
imediata dos ministros Márcio
Thomaz Bastos (Justiça), Ricardo
Berzoini (Trabalho) e Nilmário
Miranda (Direitos Humanos).
Da sede da ONU (Organização
das Nações Unidas) em Genebra,
Suíça, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva prometeu que a PF
iria prender os assassinos e seus
mandantes. Na véspera de o crime completar seis meses, a PF
anunciou a prisão de sete pessoas
como responsáveis pela morte.
Até a conclusão desta edição, os
dois advogados que representam
Mânica, Raul Livino e José Lindomar Coelho, não haviam respondido aos recados deixados pela
Folha em seus celulares.
Multas
Mânica era apontado por investigadores como suspeito desde o
primeiro dia das investigações. O
produtor rural já havia discutido
diversas vezes com o auditor Nelson José da Silva, tendo recebido
multas trabalhistas dele em um
valor que atinge R$ 2 milhões.
Segundo a PF, outro indício que
apontaria para Mânica é uma dívida de R$ 180 mil que Hugo Alves Pimenta teria com ele. Preso
sob acusação de ter contratado
pistoleiros para a chacina, ele possui uma empresa transportadora
de grãos em Unaí. Seu advogado é
o mesmo de Mânica, Raul Livino.
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