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Mauro Paulino
Democracia e vontade de votar
Eleitores jovens
são os que menos afirmam gostar
de ir às urnas
VOCÊ GOSTA de votar? Esta pergunta
divide os brasileiros. Segundo a mais recente pesquisa do Datafolha,
um terço dos eleitores
(34%) gosta muito de ir às
urnas, outros 32% admitem que não gostam e 34%
gostam um pouco. A única
região do país que apresenta um apreço significativamente acima da média
pelo exercício do voto é o
Nordeste, com 41%.
Em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, apenas um em cada quatro
eleitores mostra muita satisfação em votar. No Rio,
a proporção é a mesma.
Às vésperas do início do
horário eleitoral gratuito,
apenas 24% têm muito interesse pela campanha, taxa idêntica à verificada na
mesma época em 2002. Já
a parcela dos que se mostram totalmente desinteressados subiu de 38% para 43% nos últimos quatro
anos.
Diante desses números,
partidos e candidatos deveriam pautar suas aparições na mídia não apenas
com o objetivo de atrair
votos mas também de despertar o envolvimento do
eleitor com as questões
políticas, em especial o
segmento mais jovem.
Apenas um em cada
quatro eleitores entre 16 e
24 anos (26%) afirma gostar muito de ir às urnas. Já
entre os que têm mais de
60 anos essa satisfação
atinge 46%. O mesmo
ocorre em relação às propagandas políticas: enquanto 21% dos mais jovens demonstram ter
muito interesse, entre os
mais velhos esse percentual chega a 30%.
Essa nova geração de
eleitores não teve que brigar pelo direito ao voto e
está habituada a relacionar fatos negativos à atuação da maioria dos políticos. Para parcela significativa dos mais jovens, o ato
de votar é associado apenas à obrigação e ao desprazer. As formas tradicionais de fazer política
estão distantes dos anseios desses eleitores.
Com os recursos de
marketing ditando as
ações dos candidatos, cada
vez mais as campanhas
distanciam-se das ruas e
chegam às casas dos eleitores através da mídia.
Mas isso pouco tem contribuído para gerar interesse pela política. Aparições públicas dos candidatos têm por objetivo principal a criação de cenários
para gerar imagens adequadas às peças publicitárias e aos telejornais.
Mesmo entre os que
gostam muito de votar e,
portanto, poderiam demonstrar mais vontade de
acompanhar o horário
eleitoral, há 22% que se dizem totalmente desinteressados. Entre os que não
gostam de votar, o desinteresse salta para 71%.
A fartura de espaço na
mídia proporcionada pelas eleições poderia ser
aproveitada, ao menos em
parte, para reforçar a importância da participação
política e para demonstrar
que ir às urnas pode ser
também gratificante.
MAURO PAULINO é diretor-geral
do instituto Datafolha
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