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Fraude em Rondônia foi facilitada por nepotismo, diz PF
Investigações mostram que Carlão de Oliveira, presidente da
Assembléia, montou rede de favores para assegurar desvios
Segundo a PF, Carlão herdou
o "modus operandi" do
esquema de fraudes de seu
antecessor na Assembléia,
Natanael da Silva (PP)
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO VELHO
As investigações da Polícia
Federal que culminaram na
Operação Dominó mostraram
que a organização criminosa
apontada como responsável
por desviar R$ 70 milhões dos
cofres de Rondônia se enraizou
nos Poderes estaduais por meio
da troca de favores e do nepotismo cruzado.
Foram presos na operação da
PF o presidente do TJ (Tribunal de Justiça), Sebastião Teixeira Chaves, o presidente da
Assembléia, Carlão de Oliveira
(PSL), o ex-procurador-chefe
de Justiça José Carlos Vitachi,
o conselheiro e vice-presidente
do TCE (Tribunal de Contas do
Estado), Edilson de Souza Silva, o juiz José Jorge Ribeiro da
Luz, auxiliar do presidente do
TJ, e o ex-chefe da Casa Civil
Carlos Magno Ramos.
Carlão é apontado como o líder do grupo, mas não como o
criador do esquema: ele herdou
o "modus operandi" do seu antecessor na presidência da Assembléia, Natanael da Silva.
Candidato derrotado do PP
ao governo em 2002, Natanael
deixou a presidência da Assembléia para seu então vice, Carlão -que mudou a Constituição Estadual para garantir uma
vaga de conselheiro no TCE
(Tribunal de Contas do Estado)
para Natanael, que foi nomeado conselheiro em maio de
2003 e afastado em junho de
2005, por decisão do Superior
Tribunal de Justiça. Mesmo assim, decisão do desembargador
Rowilton Teixeira, em setembro do mesmo ano, garantiu
que, mesmo afastado, continuasse recebendo salários.
Para manter seu aliado no
TCE, Carlão utilizou a Assembléia como uma balcão de negócios. Os desembargadores
Valter de Oliveira, ex-presidente do TJ, e o desembargador
Gabriel Marques de Carvalho
derrubaram duas decisões pelo
afastamento de Natanael.
Em 2003, a mulher de Valter
de Oliveira, Genilde Camargo
de Oliveira, dona da Diatkhe
Indústria e Comércio, recebeu
encomendas de R$ 176 mil para
fornecer uniformes para os
funcionários da Assembléia. O
desembargador Carvalho tem
um filho no gabinete de Carlão.
Em outubro do ano passado,
Carvalho assumiu a presidência do TRE (Tribunal Regional
Eleitoral) e Sebastião Teixeira
Chaves, que era vice de Valter
de Oliveira no TJ, assumiu a
presidência do tribunal.
No âmbito do Ministério Público, o ex-procurador-chefe de
Justiça José Carlos Vitachi e o
também ex-procurador-chefe
de Justiça aposentado José
Viana Alves, advogado de vários envolvidos no esquema,
são os grandes articuladores. A
filha do atual procurador-chefe, a advogada Abdiel Ramos Figueira, trabalha com Viana.
O TCE de Rondônia aparece
no esquema como uma reserva
de empregos para o grupo. É
funcionária do tribunal, por
exemplo, uma filha do presidente preso do TJ.
Outro lado
Desde a semana passada, a
Folha tenta ouvir os citados.
Com exceção de Abdiel Figueira, que nega envolvimento, os
outros ou se recusaram a falar
ou não foram encontrados.
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