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Alemão contradiz versão de boxeadores
Suposto aliciador dos cubanos no Pan do Rio diz que atletas estavam decididos a ir morar na Alemanha
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
O alemão Michael Doering,
identificado por autoridades
como aliciador dos boxeadores
no Pan do Rio, contradiz as versões apresentadas pelos cubanos e pela polícia brasileira.
Em meio a muitos risos ao
ser questionado se forçou Guillermo Rigondeaux e Erislandy
Lara a fazer algo contra a vontade, Doering afirma que não
abandonou os cubanos, que
""estavam convictos em sua decisão de morar na Alemanha".
Os cubanos afirmaram que,
ao ouvir repetidamente as recusas às ofertas para ir à Alemanha lutar profissionalmente, Doering se irritou, pegou
seu vôo e os abandonou com os
brasileiros que os vigiavam.
""Embarcamos para a Alemanha, mas não os abandonamos.
Nossa função era permitir que
assinassem os contratos [com o
empresário Ahmet Öner]. Feito isso, podíamos ir embora.
Quando os deixamos, estavam
convictos de sua decisão de ir à
Alemanha. Isso que estão falando agora é tudo besteira",
disse à Folha Michael Doering.
Segundo Doering, auto-denominado jornalista free-lancer e que se identificou como
"Michael", embora seu crachá
no Pan do Rio estivesse com o
nome "Thomas", antes de ir
embora, instruiu o brasileiro
que permaneceu com os cubanos a ir para outro local e a contratar novos motoristas. Acrescentou que nem quis saber onde seria esse lugar, pois se fosse
abordado por policiais e pressionado, o que aconteceu no
aeroporto, não passaria informação alguma a eles.
""Já havia dito a eles que estavam chamando muito a atenção e que isso não era bom", comentou Doering, ao reconhecer que já travara contatos anteriores com Rigondeaux, em
viagem da delegação cubana à
Europa. ""Avisei o brasileiro
André que poderiam tentar
raptá-los", afirmou.
Ao ouvir que os cubanos afirmaram que foram embriagados e enganados para perder o
horário da pesagem, a resposta
de Doering foi uma pergunta.
""Se não queriam ir à Alemanha, não é estranho terem passado 12 dias com dois desconhecidos [um cubano identificado como Alex o acompanhava]? Podiam ter pegado um táxi
e voltado à vila [do Pan]. Pergunte às mulheres [prostitutas] com quem estiveram se os
forçamos a algo. E o contrato
que assinaram no consulado
alemão, onde pediram vistos?"
O alemão argumenta que
desde o início contou com a
cumplicidade dos pugilistas,
que demonstraram certa preocupação com o bem-estar de
suas famílias em Cuba, mas no
fim estavam à vontade com a
idéia de ir para a Alemanha.
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