São Paulo, terça-feira, 14 de agosto de 2007

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Alemão contradiz versão de boxeadores

Suposto aliciador dos cubanos no Pan do Rio diz que atletas estavam decididos a ir morar na Alemanha

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

O alemão Michael Doering, identificado por autoridades como aliciador dos boxeadores no Pan do Rio, contradiz as versões apresentadas pelos cubanos e pela polícia brasileira.
Em meio a muitos risos ao ser questionado se forçou Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara a fazer algo contra a vontade, Doering afirma que não abandonou os cubanos, que ""estavam convictos em sua decisão de morar na Alemanha".
Os cubanos afirmaram que, ao ouvir repetidamente as recusas às ofertas para ir à Alemanha lutar profissionalmente, Doering se irritou, pegou seu vôo e os abandonou com os brasileiros que os vigiavam.
""Embarcamos para a Alemanha, mas não os abandonamos. Nossa função era permitir que assinassem os contratos [com o empresário Ahmet Öner]. Feito isso, podíamos ir embora. Quando os deixamos, estavam convictos de sua decisão de ir à Alemanha. Isso que estão falando agora é tudo besteira", disse à Folha Michael Doering.
Segundo Doering, auto-denominado jornalista free-lancer e que se identificou como "Michael", embora seu crachá no Pan do Rio estivesse com o nome "Thomas", antes de ir embora, instruiu o brasileiro que permaneceu com os cubanos a ir para outro local e a contratar novos motoristas. Acrescentou que nem quis saber onde seria esse lugar, pois se fosse abordado por policiais e pressionado, o que aconteceu no aeroporto, não passaria informação alguma a eles.
""Já havia dito a eles que estavam chamando muito a atenção e que isso não era bom", comentou Doering, ao reconhecer que já travara contatos anteriores com Rigondeaux, em viagem da delegação cubana à Europa. ""Avisei o brasileiro André que poderiam tentar raptá-los", afirmou.
Ao ouvir que os cubanos afirmaram que foram embriagados e enganados para perder o horário da pesagem, a resposta de Doering foi uma pergunta.
""Se não queriam ir à Alemanha, não é estranho terem passado 12 dias com dois desconhecidos [um cubano identificado como Alex o acompanhava]? Podiam ter pegado um táxi e voltado à vila [do Pan]. Pergunte às mulheres [prostitutas] com quem estiveram se os forçamos a algo. E o contrato que assinaram no consulado alemão, onde pediram vistos?"
O alemão argumenta que desde o início contou com a cumplicidade dos pugilistas, que demonstraram certa preocupação com o bem-estar de suas famílias em Cuba, mas no fim estavam à vontade com a idéia de ir para a Alemanha.


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