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Prefeito de São Bernardo nega irregularidades
VERA MAGALHÃES
da Redação
O prefeito de São Bernardo,
Maurício Soares (PSDB), negou
ontem que em seu primeiro mandato (1989-1992), quando era do
PT, tenha participado da venda irregular de um terreno, em negociação intermediada por Roberto
Teixeira, compadre de Lula.
A informação da irregularidade
envolvendo a prefeitura petista faz
parte da reportagem apresentada
anteontem pela TV Bandeirantes.
Segundo a reportagem, a Prefeitura de São Bernardo teria desistido de desapropriar uma área
-onde antes passaria um anel
viário- poucas semanas depois
de ela ter sido comprada por Antonio Celso Cipriani, proprietário
da Transbrasil. Roberto Teixeira
era advogado de Cipriani.
Segundo a Bandeirantes, o fato
de a área ser de utilidade pública
na época teria facilitado a compra
por Cipriani por um preço baixo.
A Folha atualizou o preço registrado na escritura do terreno. Cipriani comprou o terreno por R$
6.038, em valores atualizados, em
25 de outubro de 1991.
Em julho de 92, vendeu-o para a
construtora Dalmiro Lorenzoni
-representada também por Roberto Teixeira e responsável pela
construção do prédio onde Lula
comprou seu apartamento.
O terreno foi vendido, segundo
escritura registrada no 4º Cartório
de Notas da cidade, por R$ 594.128
em valores de hoje. A valorização,
em nove meses, foi de 9.740%.
Segundo documentos apresentados ontem à Folha por Soares,
porém, o decreto revogando o pedido de desapropriação da área foi
assinado em maio de 1991, pelo
então vice-prefeito, Djalma Bom,
hoje deputado pelo PT. Antes,
portanto, da compra por Cipriani.
A Bandeirantes se baseou em
outro decreto, assinado por Soares em dezembro de 91. Essa medida, porém, embora se refira ao
mesmo processo, não inclui a área
onde está construído o condomínio Green Village, objeto da denúncia da TV Bandeirantes.
"A prefeitura nunca foi proprietária do terreno, pois a desapropriação não chegou a ser efetivada", disse o prefeito.
Histórico
O processo de desapropriação
pela prefeitura de uma grande
área no km 22,5 da via Anchieta
começou em 1979, na gestão de Tito Costa (PMDB). No local seria
construído, pelo governo do Estado, um anel viário ligando as vias
Anchieta e Imigrantes.
Em fevereiro de 91, diante do
abandono das obras por mais de
cinco anos, Soares enviou ofício à
Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A), responsável pelo anel
viário, perguntando quando seriam retomados os trabalhos. A
Dersa respondeu que não havia
previsão de recursos para a obra.
Por isso, Soares diz ter desistido
da desapropriação, atendendo a
pedidos de 33 proprietários de terrenos na área. Roberto Teixeira
aparece em vários desses pedidos
como advogado dos proprietários,
inclusive da construtora Socepal
S/C Ltda., dona do terreno que depois foi vendido para Cipriani.
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