São Paulo, sexta, 14 de agosto de 1998

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SUCESSÃO
Coordenador de finanças estima que arrecadação vai atingir R$ 60 milhões e não os R$ 73 milhões previstos
Comitê de FHC movimenta R$ 1 mi/dia

da Sucursal de Brasília

A campanha do presidente Fernando Henrique Cardoso tem movimentado diariamente cerca de R$ 1 milhão, informou ontem Egydio Bianchi, coordenador de finanças e informática do comitê central.
A movimentação financeira -até agora um dos maiores segredos da campanha- foi revelada quando Bianchi explicava as tentativas de desfalque na conta bancária do comitê eleitoral, que teriam somado R$ 1,225 milhão entre os dias 7 e 10 deste mês.
O Banco do Brasil, onde a conta é movimentada, impediu a tempo duas das três tentativas de fraude e, segundo o comitê de FHC, poderá assumir um prejuízo de aproximadamente R$ 40 mil.
Esses R$ 40 mil fariam parte de uma operação de transferência eletrônica no total de R$ 400 mil para a agência do banco em Osasco (SP) que não havia sido confirmada pelo comando da campanha. Segundo o comitê, houve efetivamente o desvio desses R$ 40.
A assessoria do BB informou ontem que está investigando o desvio da conta de FHC e tentando recuperar integralmente o valor, recomposto no saldo da campanha.
Bianchi comparou o episódio da tentativa bem sucedida de fraude ao pagamento de um cheque sem assinatura. Embora a maioria das despesas do comitê se dê por via eletrônica, elas dependem de confirmação por escrito. "O comitê não foi lesado", insistiu.
R$ 60 milhões
A campanha de FHC e seu vice, Marco Maciel, registrou no Tribunal Superior Eleitoral a maior previsão de gastos da eleição de 1998 ÄR$ 73 milhões. Ontem, Bianchi disse que a estimativa foi exagerada e calculou que a arrecadação deverá atingir R$ 60 milhões.
O coordenador financeiro não revelou detalhes sobre a movimentação financeira porque isso seria uma "informação estratégica". Mas observou: "A movimentação de R$ 1 milhão por dia não é nada de irrazoável (sic)".
Ainda de acordo com Bianchi, a campanha de FHC arrecadou "muito menos do que gostaria" até agora. O comando da campanha tem optado por não atrasar o pagamento de material e de serviços, informou. Por isso, o dinheiro não fica parado na conta. "Não dormimos com R$ 1 milhão na conta", contabilizou.
Assunto de várias reuniões durante o dia, as tentativas de fraude tiveram como consequência um controle ainda maior da conta da campanha, movimentada na agência do Banco do Brasil no Senado. "O comitê já toma cuidados, mas vamos criar dificuldades para quem quer ter facilidades às nossas custas", disse Bianchi.
O coordenador de finanças descartou motivações políticas nas tentativas de fraude, apesar de as investigações feitas pelo 30º Distrito Policial de São Paulo (Tatuapé) terem apontado indícios de ramificações da quadrilha em Brasília. Quatro pessoas foram presas.
A fraude teria sido descoberta quando uma dessas pessoas tentou sacar R$ 500 mil de uma conta na agência do BB no Tatuapé, que recebera uma transferência da conta de FHC. O funcionário do banco desconfiou do pedido de saque e acionou a agência em Brasília. Depois disso, houve uma terceira tentativa de desvio na conta do comitê, no valor de R$ 325 mil.
Ao final da campanha eleitoral, FHC terá de informar ao TSE todas as doações que recebeu, assim como os pagamentos feitos. Na campanha de 1994, o comitê do candidato declarou ter arrecadado R$ 33,6 milhões. (MARTA SALOMON e LUIZA DAMÉ)



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