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JANIO DE FREITAS
O caminho da fazenda
A lei e o exemplo do governo
federal é que puseram em
mãos do governador Itamar
Franco a solução objetiva e pacífica, no sentido de excluir a
possibilidade de confrontos violentos, para o problema institucional criado em torno da fazenda de Fernando Henrique
Cardoso.
Mais do que as inúmeras fazendas caracterizadas como focos de fermentação social,
quando alcançadas pela ação
das multidões que reivindicam
a oportunidade de trabalho no
campo, a de Fernando Henrique confirmou-se, agora, também como foco de perigo institucional. É dispensável esclarecer
se a Presidência da República
primeiro pediu e não recebeu a
proteção da PM, para evitar a
(improvável) invasão, ou se primeiro foi mandado o Exército e
depois feito um arremedo de
obediência à lei, com a solicitação ao governo de Minas.
No episódio anterior, quando
os sem-terra se aglomeraram
em frente à fazenda, o Exército
foi mobilizado antes de tudo,
sem qualquer solicitação ou comunicação ao governo mineiro.
Seria o suficiente para dar fundamentação constitucional à
acusação, feita por Itamar
Franco, de intervenção ilegítima do governo federal em Minas. Desde a primeira vez em
que os sem-terra tomaram o caminho da fazenda, portanto, a
propriedade de Fernando Henrique tornou-se criadora, também, de problema institucional.
A solução autorizada pela lei e
aplicada aos focos de fermentação social, pelo governo federal e
estaduais como o paulista, já seria adotável para a fazenda de
Fernando Henrique. A particularidade dos aspectos institucionais, entre eles a utilização do
Exército, reforça a possibilidade
da desapropriação em defesa da
ordem pública e, no caso, até da
ordem institucional.
Ao proprietário, como sempre,
cabe o recurso à Justiça. Um benefício a mais, se for necessário
discutir valores. Um deles há de
ser, necessariamente, o de compra por Sérgio Motta e Fernando Henrique, com as respectivas
demonstrações de valor venal e
comercial, de pagamento real
ou não em relação ao valor e,
que ninguém esqueça, de recolhimento do imposto, se sobre o
valor real ou o fictício.
PS: O artigo estava em conclusão quando Itamar Franco falou no propósito de desapropriar a fazenda. Foi feita uma
adaptação no início do texto,
que se destinava a mostrar a
desnecessidade do perigo de
confrontos violentos e problemas institucionais.
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