Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AMAZONAS
Governador rechaça suposto envolvimento em esquema de corrupção e diz que vai processar autor de denúncia
Amazonino nega acusações e critica proposta de CPI
ANDRÉA DE LIMA
DA AGÊNCIA FOLHA
O governador do Amazonas,
Amazonino Mendes (PFL), disse
em entrevista exclusiva à Agência
Folha que vai processar as pessoas
que o acusaram de envolvimento
em esquemas de propina e de lavagem de dinheiro. Amazonino
citou especificamente o empresário Juarez Barreto Filho.
O governador viajou a Brasília
para contratar um advogado. Ele
afirmou que não existem provas
que justifiquem um processo pela
Procuradoria Geral da República.
Amazonino também criticou a
proposta de criação de uma CPI
(Comissão Parlamentar de Inquérito) na Assembléia Legislativa para apurar os gastos com sua
casa às margens do igarapé Tarumã. O governador declarou que já
autorizou uma devassa da Receita
Federal em sua vida bancária e fiscal. Leia, a seguir, trechos da entrevista.
Agência Folha - Como o sr. vê a
possibilidade de a Procuradoria
Geral da República reabrir o processo que investiga seu suposto envolvimento em esquema de propinas e lavagem de dinheiro?
Amazonino - No momento em
que não há provas, apenas um
monte de xerox produzido por
uma pessoa de nenhuma credibilidade, sinceramente não vejo por
que mover um processo.
Agência Folha - O sr. fez contato
na última segunda, em São Paulo,
com o advogado Saulo Ramos. O sr.
pretende contratá-lo para fazer
sua defesa, caso seja processado?
Amazonino - Saulo é apenas meu
conselheiro e amigo. Eu vou contratar um advogado em Brasília.
Ainda não sei quem. Vou processar Juarez Barreto, aqui e nos Estados Unidos. Em princípio ele é o
principal, mas existem outros,
que prefiro não revelar e que têm
a ver com esse processo.
Agência Folha - O empresário
Juarez Barreto Filho e o deputado
estadual Mário Frota (PDT-AM),
que está propondo uma CPI na Assembléia para apurar gastos com
sua nova casa, acusaram-no de tê-los ameaçado de morte. É verdade?
Amazonino - Isso é gracinha.
Não há político mais tolerante,
mais democrático na história.
Não conheço político que tenha
sido tão insultado, tão injuriado e
difamado. Eu nunca fiz nada. Posso até ser considerado como uma
pessoa de extremada paz.
Agência Folha - O que o sr. acha
da proposta de CPI?
Amazonino - Quem vai ver minha casa é a Receita Federal, que
tem a obrigação de fazer toda a investigação necessária.
Agência Folha - O Ministério Público Federal em Manaus anunciou
que está investigando o sr. desde
1988 e que o notificou, na última
sexta, para que apresentasse sua
defesa. O sr. confirma isso?
Amazonino - Nunca recebi nenhuma notificação.
Agência Folha - Nenhum dos documentos apresentados por Barreto é verdadeiro?
Amazonino - Nenhum deles, é
tudo xerox. Isso é o estilo dele. Ele
é um falsário.
Agência Folha - Por que o governo do Amazonas contratou serviços
da empresa dele, a North American, para fornecer geradores de
energia ao Estado?
Amazonino - Eu nunca contratei
serviço desse cidadão. Não sei
nem se ele vendeu geradores para
o Estado. Essas eventuais compras eram feitas pela companhia
de energia.
Agência Folha - O sr., como governador, desconhecia essa operação?
Amazonino - Eu não sabia que
ele era o dono da empresa.
Agência Folha - O sr. nega que o
conhece pessoalmente?
Amazonino - O que ocorreu foi o
seguinte: no meu segundo governo, uma empresa americana ganhou uma licitação para a compra
de equipamento de eletricidade.
Mas, como os preços ofereciam
uma certa inconfiabilidade e eles
forçaram a liberação de uma carta
de crédito de US$ 20 milhões,
mandei cancelar a licitação.
Agência Folha - Quem eram os
controladores dessa empresa?
Amazonino - Era o Juarez Barreto que estava por trás. Foi a partir
daí que começou essa confusão.
Ele é um bandido.
A coisa começou havia quatro
anos por vingança e agora se
transformou em um negócio. Ele
só aparece em ano eleitoral e sempre em torno de políticos. Eu vou
processá-lo por vários crimes, sobretudo por falsidade ideológica,
calúnia e difamação.
Texto Anterior: Janio de Freitas: O caminho da fazenda Próximo Texto: Caso TRT: Incal diz que termina obra com R$ 25 mi Índice
|