São Paulo, quinta-feira, 14 de setembro de 2000

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AMAZONAS
Governador rechaça suposto envolvimento em esquema de corrupção e diz que vai processar autor de denúncia
Amazonino nega acusações e critica proposta de CPI

ANDRÉA DE LIMA
DA AGÊNCIA FOLHA

O governador do Amazonas, Amazonino Mendes (PFL), disse em entrevista exclusiva à Agência Folha que vai processar as pessoas que o acusaram de envolvimento em esquemas de propina e de lavagem de dinheiro. Amazonino citou especificamente o empresário Juarez Barreto Filho.
O governador viajou a Brasília para contratar um advogado. Ele afirmou que não existem provas que justifiquem um processo pela Procuradoria Geral da República.
Amazonino também criticou a proposta de criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Assembléia Legislativa para apurar os gastos com sua casa às margens do igarapé Tarumã. O governador declarou que já autorizou uma devassa da Receita Federal em sua vida bancária e fiscal. Leia, a seguir, trechos da entrevista.

Agência Folha - Como o sr. vê a possibilidade de a Procuradoria Geral da República reabrir o processo que investiga seu suposto envolvimento em esquema de propinas e lavagem de dinheiro?
Amazonino -
No momento em que não há provas, apenas um monte de xerox produzido por uma pessoa de nenhuma credibilidade, sinceramente não vejo por que mover um processo.

Agência Folha - O sr. fez contato na última segunda, em São Paulo, com o advogado Saulo Ramos. O sr. pretende contratá-lo para fazer sua defesa, caso seja processado?
Amazonino -
Saulo é apenas meu conselheiro e amigo. Eu vou contratar um advogado em Brasília. Ainda não sei quem. Vou processar Juarez Barreto, aqui e nos Estados Unidos. Em princípio ele é o principal, mas existem outros, que prefiro não revelar e que têm a ver com esse processo.

Agência Folha - O empresário Juarez Barreto Filho e o deputado estadual Mário Frota (PDT-AM), que está propondo uma CPI na Assembléia para apurar gastos com sua nova casa, acusaram-no de tê-los ameaçado de morte. É verdade?
Amazonino -
Isso é gracinha. Não há político mais tolerante, mais democrático na história. Não conheço político que tenha sido tão insultado, tão injuriado e difamado. Eu nunca fiz nada. Posso até ser considerado como uma pessoa de extremada paz.

Agência Folha - O que o sr. acha da proposta de CPI?
Amazonino -
Quem vai ver minha casa é a Receita Federal, que tem a obrigação de fazer toda a investigação necessária.

Agência Folha - O Ministério Público Federal em Manaus anunciou que está investigando o sr. desde 1988 e que o notificou, na última sexta, para que apresentasse sua defesa. O sr. confirma isso?
Amazonino -
Nunca recebi nenhuma notificação.

Agência Folha - Nenhum dos documentos apresentados por Barreto é verdadeiro?
Amazonino -
Nenhum deles, é tudo xerox. Isso é o estilo dele. Ele é um falsário.

Agência Folha - Por que o governo do Amazonas contratou serviços da empresa dele, a North American, para fornecer geradores de energia ao Estado?
Amazonino -
Eu nunca contratei serviço desse cidadão. Não sei nem se ele vendeu geradores para o Estado. Essas eventuais compras eram feitas pela companhia de energia.

Agência Folha - O sr., como governador, desconhecia essa operação?
Amazonino -
Eu não sabia que ele era o dono da empresa.

Agência Folha - O sr. nega que o conhece pessoalmente?
Amazonino -
O que ocorreu foi o seguinte: no meu segundo governo, uma empresa americana ganhou uma licitação para a compra de equipamento de eletricidade. Mas, como os preços ofereciam uma certa inconfiabilidade e eles forçaram a liberação de uma carta de crédito de US$ 20 milhões, mandei cancelar a licitação.

Agência Folha - Quem eram os controladores dessa empresa?
Amazonino -
Era o Juarez Barreto que estava por trás. Foi a partir daí que começou essa confusão. Ele é um bandido.
A coisa começou havia quatro anos por vingança e agora se transformou em um negócio. Ele só aparece em ano eleitoral e sempre em torno de políticos. Eu vou processá-lo por vários crimes, sobretudo por falsidade ideológica, calúnia e difamação.


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