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ELEIÇÕES NA TV
Campanha política e obscurantismo
FERNANDO DE BARROS E SILVA
EDITOR DO PAINEL
Marta Suplicy ampliou sua
vantagem sobre os adversários. Isso na mesma semana em
que passou por uma boate GLS,
contrariando a orientação de seu
staff político. Não há relação entre
as duas coisas (a subida e a ida ao
gueto), mas, se tivesse caído nas
pesquisas, muita gente, inclusive
no PT, iria relacionar abacaxi
com banana e condenar o "deslize" da candidata petista.
Talvez passe como algo menor
ou sem importância, diante dos
problemas administrativos que
pode ter pela frente, que a mulher
que lidera a corrida à prefeitura
da maior cidade do país não esconda sua adesão à defesa dos direitos de minorias. Mas, numa sociedade conservadora e pouco esclarecida, gestos como esse têm
peso político nada desprezível e
fazem diferença para a qualidade
da democracia.
A campanha suja que hoje se
faz, de maneira assumida e apócrifa, contra Patrícia Gomes em
Fortaleza talvez seja o exemplo
mais gritante da vigência da mentalidade paternalista em que se
formou o país. Não é caso de reproduzir aqui a munição porno-escatológica que vem sendo disparada pela jagunçagem contra a
ex-mulher de Ciro Gomes. Mas
deveria haver um modo de, ao
menos, a Justiça Eleitoral civilizar
um pouco a campanha enquadrando certos coronéis.
A vantagem de Marta em São
Paulo empurra o PT para a cautela política. Moderada no conteúdo e moderninha na forma, sua
campanha de TV mnarda Conservadora no conteúdo a fa, sua campanha âo Faz diferença democrática, ainda, que Marta Suplicy, líder desde o início, compareça aos
debates entre candidatos promovidos pelas TVs. Tornou-se praxe,
na cultura do calculismo publicitário-eleitoral, que os primeiros
colocados evitem o confronto com
adversários. FHC recusou-se a debater com Lula em 94 e 98. Disse
como álibi que só participaria em
segundo turno. Conversa fiada. E
descaso grave para quem construiu sua vida intelectual e política apostando na democracia.
Contra os partidos
A campanha paulistana, que
entra na reta final com quatro
candidatos embolados, começa a
ficar divertida. Algumas mudanças de rumo orientadas por marqueteiros são expressivas. Maluf
não é mais só aquele que prende a
arrebenta. Ele agora faz. Sua obra
está aí.
Vítima de ataques de todos os
lados, alguns suspeitos vindos da
nanicagem de aluguel, Alckmin
decidiu finalmente assumir seus
vínculos com os governos Covas e
FHC. Diante do inevitável, procura transformar o ônus em bônus.
Mas, disputando votos com Maluf, os tucanos colocaram no ar
uma peça publicitária que desmerece a democracia. Nela, uma mocinha de classe média diz em casa
ao marido que essa tal de Marta
"até que passa", mas "está no partido errado". O PT pode, deve e
precisa ser criticado por muitas
razões, não pelo fato de ser um
partido político. Além dele, talvez
haja apenas outro mais ou menos
organizado e com projeto e interesses claros no país: o PFL.
Sendo hoje menos um partido e
mais uma agremiação de professores e banqueiros, o PSDB, que já
teve veleidades social-democráticas, joga a favor do obscurantismo de direita quando tenta aliciar votos desqualificando a organização partidária. Quem é mesmo que defende a reforma política
para supostamente dar mais racionalidade institucional ao país?
Alckmin, quando percebeu, no
debate da Bandeirantes, que
Marta fazia dobradinha com Zé
de Abreu, aliado de Pitta, para
atacá-lo, identificou justamente o
oportunismo político da petista. É
o mesmo oportunismo que instrui
a fala da patricinha tucana.
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