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FORO PRIVILEGIADO
Interpretação mudaria competência em ações de improbidade
STF deve ampliar proteção a autoridades processadas
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
São grandes as chances de o STF
(Supremo Tribunal Federal) ampliar a proteção das autoridades
públicas, como o presidente da
República e ministros de Estado,
contra processos judiciais.
Os ministros do STF tendem a
aceitar uma tese construída pelo
governo pela qual o foro privilegiado será estendido a ações de
improbidade administrativa,
conforme a Folha apurou.
Atualmente, esse privilégio já
existe nas ações penais e nos processos por crime de responsabilidade.
A mudança interessa ao presidente Fernando Henrique Cardoso, que também quer a volta do
foro privilegiado para ex-presidentes, extinto pelo Supremo em
1999. Essa medida depende de
projetos em tramitação no Congresso para voltar a vigorar.
Fernando Henrique teme o efeito Menem: ser perseguido por juízes e procuradores após encerrar
o mandato, em 1º de janeiro.
O ex-presidente da Argentina
Carlos Menem, após deixar o cargo, chegou a ser preso devido a
uma denúncia de contrabando de
armas para Equador e Croácia entre 1991 e 1995.
A Lei de Improbidade Administrativa, de 1992, dá poder a procuradores da República em início de
carreira para investigar o presidente, entre outras autoridades, e
para propor ação contra eles.
Também permite que juízes federais da primeira instância imponham condenações duras, como a
perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos.
Suspensão
Anteontem, o ministro do STF
Nelson Jobim deu uma liminar
suspendendo sentença da 14ª Vara Federal em Brasília na qual o
ministro de Ciência e Tecnologia
fora condenado por improbidade
administrativa -uso de aviões da
Força Aérea Brasileira (FAB) para
viagens de passeio.
Com essa liminar, pedida pela
União, Jobim abriu o caminho
para uma nova interpretação da
lei. Se ela prevalecer, somente servidores públicos comuns responderão por atos de improbidade
administrativa. As autoridades
seriam processadas por crime de
responsabilidade. No caso do presidente e dos ministros de Estado,
o foro seria o Supremo, como nas
ações penais.
Chances de vingar
A questão será apreciada pelos
11 ministros do Supremo, depois
que o procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, emitir a
sua opinião. Nos dez anos de vigência da lei, o tema nunca foi debatido no tribunal. Um ministro
ouvido pela Folha disse que a tese
do governo tem grandes chances
de vingar.
O presidente da Associação dos
Juízes Federais do Brasil, Paulo
Sérgio Domingues, divulgou nota
manifestando "preocupação"
com a possibilidade de o Supremo Tribunal Federal acolher os
argumentos manifestados pelo
governo. Lembrou que as penas
previstas na lei, como suspensão
dos direitos políticos, só valem
quando a sentença se torna definitiva.
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