São Paulo, sábado, 14 de setembro de 2002

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CPI deve ouvir Gabrilli na próxima semana

EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA

LIEGE ALBUQUERQUE
DA REPORTAGEM LOCAL

O empresário Luiz Alberto Gabrilli Filho, sócio-majoritário da Expresso Guarará -empresa de transporte coletivo que, segundo a Promotoria, foi supostamente extorquida para financiar campanhas do PT- deverá depor na próxima semana à CPI criada na Câmara Municipal de Santo André para investigar o caso.
O médico do empresário, Emil Sabbaga, enviou uma declaração à CPI afirmando que Gabrilli Filho, que se recupera de um transplante de rim, poderá depor à comissão, mas "de preferência" em sua casa ou escritório. Em agosto, o médico havia enviado aos vereadores uma declaração desaconselhando o depoimento do paciente aos vereadores.
Gabrilli Filho e sua filha Rosangela Gabrilli são duas das principais testemunhas de acusação do Ministério Público da suposta rede de extorsão de empresários em Santo André.
O empresário afirmou à Folha, em entrevista publicada no dia 4 de julho, que lembrava com detalhes de uma reunião que disse ter com outros representantes do setor de transporte coletivo e o então secretário de Serviços Municipais, Klinger Luiz de Oliveira Souza, em 1997.
Naquela reunião, de acordo com ele, foi fixada a "tabela de propina" cobrada dos empresários do setor: R$ 550 por veículo para poder continuar operando na cidade.
"Segundo o médico, por conta da recuperação da cirurgia, seria arriscado [o empresário] ir até a Câmara. E pode não ser possível a entrada da imprensa para acompanhar o depoimento, mas isso a família decide no dia", afirmou o presidente da comissão, vereador Antonio Leite (PT).
Klinger e os empresários Ronan Maria Pinto e Sérgio Gomes da Silva, ao lado de outras três pessoas, são acusados pelo Ministério Público de chefiar um suposto esquema de extorsão na cidade. Em depoimentos à CPI, todos negaram as acusações.
Por unanimidade, a Câmara da cidade aprovou anteontem a prorrogação por mais 30 dias dos trabalhos da comissão, criada no final de junho. Baseados em decisões anteriores do STF (Supremo Tribunal Federal), os parlamentares têm como estender os trabalhos até o final de 2004, conforme a Folha já havia antecipado.
Com um prazo maior, a CPI poderá convocar outros depoimentos e promover novas acareações, além de prosseguir na análise de uma série de documentos.
Até agora, a comissão ouviu 21 pessoas, entre acusados e acusadores. A única acareação foi entre Ronan Maria Pinto e Rosangela Gabrilli. Rosangela acusou Ronan de ser um dos receptores da propina. Ronan negou.
A CPI também poderá chamar Rosangela para novo depoimento na próxima semana. A dúvida dos vereadores é o fato de a empresária ter afirmado durante a acareação que, mesmo depois de ter começado a pagar a suposta propina, pediu a ajuda de Ronan na indicação de advogados e contadores para sua empresa, a Expresso Guarará.


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