São Paulo, sábado, 14 de setembro de 2002

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Marisa tenta contornar gafe de Alencar

FÁBIO VICTOR
DA REPORTAGEM LOCAL

Por intermédio de Marisa Lula da Silva, mulher do candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva, o PT fez ontem a segunda tentativa de diminuir o mal-estar causado na comunidade judaica pelas declarações do vice da coligação, José Alencar (PL), mas não obteve grandes avanços.
Marisa visitou, em São Paulo, a entidade beneficente judaica Unibes (União Brasileiro-Israelita do Bem-Estar Social), onde entregou uma carta de Lula dirigida à comunidade, na qual o petista deseja "os mais venturosos votos de um bom ano 5.763" (referência ao Ano Novo Judaico), exalta a "contribuição do povo judeu à civilização" e defende a "coexistência de dois povos que querem construir um Oriente Médio pacífico".
Numa entrevista ao jornalista Boris Casoy, em março, Alencar disse que a única saída para o conflito entre palestinos e judeus era "Israel comprar um território em alguma região". A declaração afetou negativamente a candidatura de Lula na comunidade judaica -que reúne alguns dos maiores empresários do país. Na semana passada, Lula visitou a Congregação Israelita Paulista, para tentar consertar o estrago.
"Está complicado para a comunidade aceitar aquilo, mas temos que ser abertos a todos os candidatos, pois estamos numa democracia", disse a presidente da Unibes, Dora Lucia Brenner.
A iniciativa da visita partiu do PT, por intermédio da petista Clara Ant, ex-tesoureira de campanha de Lula e ex-administradora regional da Sé, que integra a comunidade judaica paulistana.
Segundo a Folha apurou, a avaliação de Dora Brenner é compartilhada pela maior parte da comunidade, que considera irreversível o dano causado por Alencar.
Uma exceção é o presidente do Rabinato da Congregação Israelita Paulista, Henry Sobel, que, em resposta a um pedido de desculpas feito pelo vice de Lula, declarou: "De minha parte deixo claro que ele pode contar com o meu reconhecimento".
Quem acompanhou Marisa foi a secretária de Assistência Social da cidade, Aldaíza Sposati, que foi ao encontro num carro oficial. Aldaíza argumentou que a prefeitura tem convênios com a Unibes, o que justificaria sua presença.



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