São Paulo, terça-feira, 14 de setembro de 2004

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Evento aproxima Lula de senadores pefelistas

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O jantar de ontem à noite oferecido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a senadores do PFL -partido derivado da Arena, sigla que sustentou a ditadura militar (1964-1985)- aprofunda a ofensiva que o Palácio do Planalto fará sobre a oposição a partir de agora. O encontro pode ter três conseqüências mais importantes, mas ainda incertas:
1) votações - o presidente Lula deseja ter uma maioria mais estável no Senado. Com a oficialização do grupo pefelista dissidente, acredita que será possível votar temas polêmicos como a Lei de Biossegurança e as PPPs (Parcerias Público-Privadas);
2) novo partido - os pefelistas serão recompensados pelo apoio. Receberão cargos no governo e liberação de verbas do Orçamento. Fortalecidos, podem fundar uma nova sigla de centro-direita ou migrar em bloco para uma outra agremiação -a mais comentada é o PP, ao qual pertencem Paulo Maluf e Delfim Netto;
3) direção do Congresso - com os pefelistas dissidentes, o Planalto também quer assegurar a aprovação da emenda constitucional que permitirá aos atuais presidentes da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), e do Senado, José Sarney (PMDB-AP), recandidatarem-se a mais um mandato em fevereiro de 2005.
O jantar serve ainda de aviso ao líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), de que o governo tem alternativa caso ele insista no bombardeio à reeleição de Sarney e João Paulo.

O carlo-lulismo
Lula e o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) foram os maiores responsáveis pelo jantar. O acerto entre ambos já é chamado, em Brasília, de pacto carlo-lulista ou aliança carlo-petista.
Lula aceitou receber ACM em audiência noturna reservada no Palácio do Planalto, pela primeira vez desde a posse do petista, em 26 de agosto passado. O baiano trabalhou meses pela aproximação. Teve a ajuda de dois ministros: José Dirceu (Casa Civil) e Márcio Thomaz Bastos (Justiça). Dirceu foi o anfitrião do jantar de ontem. O ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política) também participou do encontro.
"Esse grupo de senadores do PFL terá uma posição de independência, aprovando o que é de interesse do país. Isso é mais importante do que o interesse dos partidos", diz ACM.
Indagado sobre a possibilidade de criar uma nova sigla, o baiano responde de maneira ambígua: "Não se cogita no momento um novo partido, mas em lutar dentro do PFL pelas nossas posições. É claro que essa luta pode ter conseqüências mais adiante".
Segundo a Folha apurou, o grupo carlista do PFL quer esperar até depois das eleições para ver o tamanho das facções. A partir daí, decide se funda um novo partido. Para os carlistas, são necessários, pelo menos, 50 deputados e 15 senadores para o eventual novo partido começar com algum peso.


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