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Evento aproxima Lula de senadores pefelistas
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O jantar de ontem à noite oferecido pelo presidente Luiz Inácio
Lula da Silva a senadores do PFL
-partido derivado da Arena, sigla que sustentou a ditadura militar (1964-1985)- aprofunda a
ofensiva que o Palácio do Planalto
fará sobre a oposição a partir de
agora. O encontro pode ter três
conseqüências mais importantes,
mas ainda incertas:
1) votações - o presidente Lula
deseja ter uma maioria mais estável no Senado. Com a oficialização do grupo pefelista dissidente,
acredita que será possível votar
temas polêmicos como a Lei de
Biossegurança e as PPPs (Parcerias Público-Privadas);
2) novo partido - os pefelistas
serão recompensados pelo apoio.
Receberão cargos no governo e liberação de verbas do Orçamento.
Fortalecidos, podem fundar uma
nova sigla de centro-direita ou
migrar em bloco para uma outra
agremiação -a mais comentada
é o PP, ao qual pertencem Paulo
Maluf e Delfim Netto;
3) direção do Congresso - com
os pefelistas dissidentes, o Planalto também quer assegurar a aprovação da emenda constitucional
que permitirá aos atuais presidentes da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), e do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), recandidatarem-se a mais um mandato em fevereiro de 2005.
O jantar serve ainda de aviso ao
líder do PMDB no Senado, Renan
Calheiros (AL), de que o governo
tem alternativa caso ele insista no
bombardeio à reeleição de Sarney
e João Paulo.
O carlo-lulismo
Lula e o senador Antonio Carlos
Magalhães (PFL-BA) foram os
maiores responsáveis pelo jantar.
O acerto entre ambos já é chamado, em Brasília, de pacto carlo-lulista ou aliança carlo-petista.
Lula aceitou receber ACM em
audiência noturna reservada no
Palácio do Planalto, pela primeira
vez desde a posse do petista, em
26 de agosto passado. O baiano
trabalhou meses pela aproximação. Teve a ajuda de dois ministros: José Dirceu (Casa Civil) e
Márcio Thomaz Bastos (Justiça).
Dirceu foi o anfitrião do jantar de
ontem. O ministro Aldo Rebelo
(Coordenação Política) também
participou do encontro.
"Esse grupo de senadores do
PFL terá uma posição de independência, aprovando o que é de interesse do país. Isso é mais importante do que o interesse dos partidos", diz ACM.
Indagado sobre a possibilidade
de criar uma nova sigla, o baiano
responde de maneira ambígua:
"Não se cogita no momento um
novo partido, mas em lutar dentro do PFL pelas nossas posições.
É claro que essa luta pode ter conseqüências mais adiante".
Segundo a Folha apurou, o grupo carlista do PFL quer esperar
até depois das eleições para ver o
tamanho das facções. A partir daí,
decide se funda um novo partido.
Para os carlistas, são necessários,
pelo menos, 50 deputados e 15 senadores para o eventual novo
partido começar com algum peso.
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