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OUTRO LADO
Caixa diz que identificação é "inviável"
DA REPORTAGEM LOCAL
Em ofício enviado ao Ministério Público Federal de Sorocaba (SP), a CEF (Caixa Econômica Federal) informou que a
identificação de jogadores de
loterias federais no ato da aposta é "inviável".
A medida, segundo procuradores da República e investigadores da Polícia Federal, poderia eliminar o esquema de lavagem de dinheiro por meio da
compra e venda de bilhetes
premiados.
O ofício é datado de fevereiro
último e assinado pela coordenadora da Gerência Nacional
de Loterias, Cíntia Morato Camargos, e pelo gerente nacional
da área, José Luiz do Amaral
Quintans.
"A identificação nesses bilhetes demandaria um tempo considerável do operador, praticamente inviabilizando a comercialização dos produtos e ainda
privando aqueles apostadores
que, por qualquer motivo, não
estejam portando documentos", diz o documento, após citar uma venda de 2 bilhões de
bilhetes no ano de 2003.
De acordo com a Caixa,
"eventual erro na anotação dos
dados de identificação demandaria ações judiciais para o pagamento do prêmio, mesmo os
de pequeno valor monetário,
uma vez que o bilhete identificado torna-o intransferível".
Há dez dias, em nota enviada
à Folha, a Caixa considerou um
"retrocesso" a identificação do
apostador.
"A introdução da condição
de identificação obrigatória
dos apostados é prejudicial às
vendas, fato este que fica evidenciado no mercado mundial
de loterias que não adota esta
prática, à exceção das apostas
realizadas pela internet ou telefone, que requerem o preenchimento de cadastro, o que é plenamente justificável e aceitável,
pois são realizadas confortavelmente pelo cliente em sua residência ou trabalho, além de
servir para sua própria garantia, já que é uma transação virtual", diz a nota.
O sindicato dos lotéricos de
São Paulo também se disse
contrário à identificação.
O procurador da República
que abriu procedimento para
apurar o assunto, Vinicius Marajó Dal Secchi, recebeu a resposta da Caixa, mas ainda estuda a possibilidade de instaurar
uma ação civil pública com o
objetivo de obrigar a Caixa a
adotar a medida de combate à
lavagem de dinheiro.
"A facilitação desse ato delituoso, viabilizado pela não-identificação do apostador,
contraria os esforços" feitos
contra a lavagem, escreveu o
procurador, em ofício à Caixa
em março último.
(RV)
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