São Paulo, sexta-feira, 14 de setembro de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Noiva em fuga

Urdida e trabalhada pela parceria PT-PMDB, a idéia de apostar nas abstenções para convencer senadores mais indóceis a ajudar Renan Calheiros embutia a contrapartida de que, uma vez salvo, o presidente se licenciaria, deixando o Senado sob o comando de Tião Viana (PT-AC) pelo menos até a aprovação da CPMF. "Só se esqueceram de combinar com a noiva", esbravejava ontem um petista diante das evidências de que Renan não tem a menor intenção de sair de cena.
Os generais da abstenção -Aloizio Mercadante e Ideli Salvatti, pelo PT, e José e Roseana Sarney, pelo PMDB- pretendiam inicialmente conquistar dez votos para a "coluna do meio", reduzindo para 71 o universo em que os pró-cassação teriam de buscar 41 votos. Conseguiram seis, mas foi o bastante.

Sigla. Delcídio Amaral (MS) cunhou um nome para a ala de seu partido que optou pela abstenção: PT do A.

Pinóquio. Cristovam Buarque (PDT-DF) vai encomendar buttons com a inscrição "Somos 35" para os que votaram pela cassação. A piada ontem era que seriam necessários muitos mais, dada a quantidade de senadores que mentiram ao declarar o voto.

Tira-teima. Um petista vê no pedido da CPI do Renan, apresentado por Gerson Camata (PMDB-ES), a chance de passar a limpo o placar de quarta-feira: "Quem diz que votou para cassar terá de assinar o requerimento. E Renan precisará mostrar munição".

Modesto. De Renan, em resposta a um soldado fiel que elogiou sua tenacidade ao longo do processo: "Você só é herói por falta de opção".

No forno. O relator João Pedro (PT-AM), que no Conselho de Ética havia votado pela cassação, mas anteontem era só sorrisos com a absolvição, avisa que apoiará o arquivamento da representação sobre o caso Schincariol.

Tô voltando. O relator Renato Casagrande (PSB-ES), ferrenho defensor da cassação, começou ontem mesmo a trilhar o caminho de volta à base aliada. Frisou que a encerrada missão em nada afetou sua posição pró-governo e passou a defender a retomada imediata das votações.

Nota de R$ 3. De um ministro de Lula, duvidando de que a barafunda no Senado venha a comprometer seriamente a tramitação da CPMF: "E você acha que alguém está levando senador a sério?".

Virou moda. A pedido do comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, ocorreu ontem a portas fechadas a audiência pública sobre o orçamento da FAB na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado. O brigadeiro alegou que algumas de suas informações eram sigilosas. Cerca de um mês atrás, o comandante da Marinha foi ouvido ali de forma aberta.

Zeloso. Divergências políticas à parte, o ministro da Justiça, Tarso Genro (PT), correu para telefonar à filha Luciana (PSOL), na quarta-feira, ao saber que a deputada havia se ferido no enfrentamento com os seguranças do Senado.

Visitas à Folha. Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Paulo Francini, diretor do Departamento de Economia, de André Rebelo, gerente do Departamento de Economia, e de Ricardo Viveiros, assessor de imprensa.
Antonio Quintella, presidente do banco Credit Suisse no Brasil, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de José Olympio Pereira, diretor.
Roberto Nicolsky, diretor-geral da Protec (Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica), visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Luiz Carlos Delben Leite, presidente da FortKnox Tecnologia de Segurança.

Tiroteio

"Agora entendo o Antonio Carlos. Acho que muitos aqui compartilham o desejo de violar o sigilo do painel e ver quem, afinal, está falando a verdade".
De ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB-AM), recorrendo ao caso da violação do painel de votações, em 2000, para comentar o fato de que 45 senadores disseram à Folha terem votado pró-cassação, quando 35 o fizeram.

Contraponto

Longevidade

Em reunião do colégio de líderes da Assembléia paulista, na terça-feira, Said Mourad (PSC) tomou a palavra e começou a enaltecer um dos colegas presentes:
-Precisamos fazer uma homenagem ao nobre deputado Salim Curiati. E temos que fazê-la ainda em vida!
Um desconforto se espalhou, dada a idade avançada de Curiati (PP). Aos 79 anos, está no sétimo mandato. Mourad não notou o clima e insistiu na "homenagem em vida", até que Campos Machado (PTB) decidiu intervir:
-Calma, deputado! Tenho certeza de que o Salim ainda vai nos velórios de muitos que estão aqui hoje!


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