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Aliados fazem pressão branda por licença
Planalto avalia que não pode obrigar Renan a se afastar e vai aguardar para ver se ele consegue conduzir votações no Senado
Ideli Salvatti (PT) diz que ele deve "dar um tempo", mas Gilvam Borges (PMDB) acha que senador não pode sair agora: "Ele está feio na foto"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar do aumento da pressão do governo e da oposição
para se licenciar da presidência
do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL) recusou ontem essa possibilidade em público e
em conversas com mensageiros do Palácio do Planalto.
"Vou descansar no final de
semana. Na segunda-feira, estarei aqui para tocar a vida. Vou
propor uma agenda de interesse do país, não só do Executivo.
Quero a conciliação." Sobre a
possibilidade de licença, Renan
declarou: "Não discuto isso".
A Folha apurou que dois senadores e um deputado federal, todos do PMDB, levaram a
Renan o desejo do Planalto de
que ele deve se licenciar. Ele
respondeu que não o fará porque o placar de sua absolvição
lhe dá capital político para resistir à hipótese de licença.
Renan tentará recompor relações no Senado. Se não houver acordo com a oposição, sua
tendência é partir para o conflito, pois avalia que foi correta
a estratégia de não abrir mão
do comando do Senado.
Um ministro disse que cabe
ao governo esperar: "Se Renan
passar no teste, fica". Ou seja,
se conseguir reunir forças para
prorrogar a CPMF, o governo
não aumentará a pressão por
sua licença. Lula disse a um ministro que não tem como obrigar Renan a se licenciar. Ele vai
aguardar para ver se Renan
conseguirá votar as matérias.
Ontem, tanto governistas como oposicionistas sugeriram
sua saída de cena. "Acho que,
com o resultado, ele pode compreender a necessidade de dar
um tempo para todos nós", disse a líder do PT, senadora Ideli
Salvatti (SC). "Tem um sentimento muito grande que seria
adequado ele se licenciar. Isso
é meio generalizado", afirmou.
O ministro Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais) almoçou ontem com o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e com
a senadora Roseana Sarney
(PMDB-MA), e ligou ontem
para o senador Francisco Dornelles (PP-RJ) para lhe agradecer pela defesa feita de Renan
em plenário na sessão secreta.
Por meio de sua assessoria de
imprensa, porém, Walfrido negou que tenha telefonado para
senadores para parabenizá-los
pelo resultado da votação.
No final da tarde, o senador
José Sarney (PMDB-AP) e Roseana estiveram com Renan.
Ligado a Sarney, o senador
Gilvam Borges (PMDB-AP) defendeu a licença da presidência, mas não já: um afastamento do cargo agora diminuiria a
vitória de Renan e daria impressão de fraqueza e acordo:
"Se ele sair agora, sai de vilão.
Ele está feio na foto. Está em
preto e branco. Tem que passar
um urucum antes de sair".
Wellington Salgado (PMDB-MG) quer que ele tire 15 dias de
"férias". Almeida Lima
(PMDB-SE) rejeita: "Quem estiver com os ânimos fora do lugar que procure se recompor".
(KENNEDY ALENCAR, FERNANDA KRAKOVICS, FÁBIO ZANINI, SILVIO
NAVARRO e MARIA LUIZA RABELLO)
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