São Paulo, sexta-feira, 14 de setembro de 2007

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Aliados fazem pressão branda por licença

Planalto avalia que não pode obrigar Renan a se afastar e vai aguardar para ver se ele consegue conduzir votações no Senado

Ideli Salvatti (PT) diz que ele deve "dar um tempo", mas Gilvam Borges (PMDB) acha que senador não pode sair agora: "Ele está feio na foto"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar do aumento da pressão do governo e da oposição para se licenciar da presidência do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) recusou ontem essa possibilidade em público e em conversas com mensageiros do Palácio do Planalto.
"Vou descansar no final de semana. Na segunda-feira, estarei aqui para tocar a vida. Vou propor uma agenda de interesse do país, não só do Executivo. Quero a conciliação." Sobre a possibilidade de licença, Renan declarou: "Não discuto isso".
A Folha apurou que dois senadores e um deputado federal, todos do PMDB, levaram a Renan o desejo do Planalto de que ele deve se licenciar. Ele respondeu que não o fará porque o placar de sua absolvição lhe dá capital político para resistir à hipótese de licença.
Renan tentará recompor relações no Senado. Se não houver acordo com a oposição, sua tendência é partir para o conflito, pois avalia que foi correta a estratégia de não abrir mão do comando do Senado.
Um ministro disse que cabe ao governo esperar: "Se Renan passar no teste, fica". Ou seja, se conseguir reunir forças para prorrogar a CPMF, o governo não aumentará a pressão por sua licença. Lula disse a um ministro que não tem como obrigar Renan a se licenciar. Ele vai aguardar para ver se Renan conseguirá votar as matérias.
Ontem, tanto governistas como oposicionistas sugeriram sua saída de cena. "Acho que, com o resultado, ele pode compreender a necessidade de dar um tempo para todos nós", disse a líder do PT, senadora Ideli Salvatti (SC). "Tem um sentimento muito grande que seria adequado ele se licenciar. Isso é meio generalizado", afirmou.
O ministro Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais) almoçou ontem com o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e com a senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), e ligou ontem para o senador Francisco Dornelles (PP-RJ) para lhe agradecer pela defesa feita de Renan em plenário na sessão secreta. Por meio de sua assessoria de imprensa, porém, Walfrido negou que tenha telefonado para senadores para parabenizá-los pelo resultado da votação.
No final da tarde, o senador José Sarney (PMDB-AP) e Roseana estiveram com Renan.
Ligado a Sarney, o senador Gilvam Borges (PMDB-AP) defendeu a licença da presidência, mas não já: um afastamento do cargo agora diminuiria a vitória de Renan e daria impressão de fraqueza e acordo: "Se ele sair agora, sai de vilão. Ele está feio na foto. Está em preto e branco. Tem que passar um urucum antes de sair".
Wellington Salgado (PMDB-MG) quer que ele tire 15 dias de "férias". Almeida Lima (PMDB-SE) rejeita: "Quem estiver com os ânimos fora do lugar que procure se recompor". (KENNEDY ALENCAR, FERNANDA KRAKOVICS, FÁBIO ZANINI, SILVIO NAVARRO e MARIA LUIZA RABELLO)

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