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Aliados de senador querem votar demais processos em bloco
Apoiadores de Renan tentam unificar as outras duas denúncias,
enquanto a oposição defende o fortalecimento de terceira suspeita
As representações tratam do
caso Schincariol, de uso de
laranjas para a compra de
rádios e de suposto esquema
em ministérios do PMDB
SILVIO NAVARRO
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dia depois de o plenário
do Senado absolver o seu presidente, Renan Calheiros
(PMDB-AL), aliados do senador articulavam ontem para
unificar os outros dois processos -e um provável terceiro,
que está parado na Mesa- para
tentar votá-los em bloco.
Na prática, é uma tentativa
de diminuir o desgaste caso Renan tenha de enfrentar novamente o plenário.
Além do caso Mônica Veloso,
no qual Renan foi absolvido,
outros dois processos por quebra de decoro já estão abertos
no Conselho de Ética. Na fila, o
próximo a ser analisado é o caso Schincariol, cujo relator é
João Pedro (PT-AM). Em seguida, será votado o processo
que acusa Renan de ter usado
laranjas para a compra de rádios em Alagoas.
Há ainda um terceiro processo já protocolado no Senado,
mas que ainda não saiu da Mesa
Diretora. Ele trata das denúncias de que Renan foi um dos
beneficiários de um suposto esquema de desvio de recursos do
caixa de ministérios chefiados
pelo PMDB. O suposto esquema foi denunciado pelo advogado Bruno de Miranda Lins,
ex-genro do lobista Luiz Carlos
Garcia Coelho, amigo de longa
data de Renan.
O objetivo do grupo ligado a
Renan é fazer com que João Pedro anexe as outras duas denúncias ao caso Schincariol. O
petista já afirmou reservadamente que seu relatório recomendará o arquivamento do
caso. Governista fiel, ele é suplente do ministro Alfredo
Nascimento (Transportes).
A previsão é que o parecer seja apresentado na semana que
vem. "A Casa está no foco, não
posso errar nisso", limitou-se a
dizer João Pedro.
Ou seja, a estratégia dos aliados de Renan é aproveitar o entendimento que há na Casa
-de que o caso Schincariol não
atinge o peemedebista em
cheio- para engavetar as demais acusações. A suspeita é
que Renan tenha praticado tráfico de influência para beneficiar a cervejaria junto à Receita.
"Sou favorável a colocar tudo
numa coisa só e votar. Se houver requerimento, gostaria de
juntar tudo e matar de uma
vez", disse Wellington Salgado
(PMDB-MG), que ontem festejava a vitória de Renan.
A articulação começou anteontem no plenário durante a
sessão secreta que absolveu Renan e foi comandada por Aloizio Mercadante (PT-SP). Ele
estava com um requerimento
pronto para tentar adiar a votação de ontem e votar todos os
processos juntos. A oposição
vetou. Mercadante disse que se
absteve na votação.
Oposição
Na oposição, a proposta é diferente. Parte das bancadas do
PSDB e do DEM quer fundir o
"caso Bruno", que trata de desvio de recursos públicos, com o
processo sobre o uso de laranjas para comprar rádios.
A avaliação é que os dois casos têm agravantes, mas, como
Renan saiu fortalecido do primeiro processo, é necessário
unificá-los para que adquiram
fôlego. "Somando mais indícios, fortalece a denúncia", afirmou o Álvaro Dias (PSDB-PR).
Nesse caso, a oposição não
aceita a possibilidade de manter João Pedro na relatoria. Há
duas propostas: ou senador
considerado independente, ou
repetir a dupla Renato Casagrande (PSB-ES) e Marisa Serrano (PSDB-MS). "Não seria
bom para mim, pareceria coisa
pessoal", disse Casagrande.
O líder do DEM, José Agripino Maia (RN), divulgou nota
ontem na qual cobrava a nomeação imediata de um relator
para o caso que envolve a compra das rádios. Ele também cobra que se faça uma acareação
entre Renan e o ex-deputado
João Lyra (AL), que confirmou
acusações contra Renan. O
DEM é autor da representação
no Conselho de Ética em parceria com o PSDB.
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