São Paulo, sexta-feira, 14 de setembro de 2007

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Aliados de senador querem votar demais processos em bloco

Apoiadores de Renan tentam unificar as outras duas denúncias, enquanto a oposição defende o fortalecimento de terceira suspeita

As representações tratam do caso Schincariol, de uso de laranjas para a compra de rádios e de suposto esquema em ministérios do PMDB

SILVIO NAVARRO
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um dia depois de o plenário do Senado absolver o seu presidente, Renan Calheiros (PMDB-AL), aliados do senador articulavam ontem para unificar os outros dois processos -e um provável terceiro, que está parado na Mesa- para tentar votá-los em bloco.
Na prática, é uma tentativa de diminuir o desgaste caso Renan tenha de enfrentar novamente o plenário.
Além do caso Mônica Veloso, no qual Renan foi absolvido, outros dois processos por quebra de decoro já estão abertos no Conselho de Ética. Na fila, o próximo a ser analisado é o caso Schincariol, cujo relator é João Pedro (PT-AM). Em seguida, será votado o processo que acusa Renan de ter usado laranjas para a compra de rádios em Alagoas.
Há ainda um terceiro processo já protocolado no Senado, mas que ainda não saiu da Mesa Diretora. Ele trata das denúncias de que Renan foi um dos beneficiários de um suposto esquema de desvio de recursos do caixa de ministérios chefiados pelo PMDB. O suposto esquema foi denunciado pelo advogado Bruno de Miranda Lins, ex-genro do lobista Luiz Carlos Garcia Coelho, amigo de longa data de Renan.
O objetivo do grupo ligado a Renan é fazer com que João Pedro anexe as outras duas denúncias ao caso Schincariol. O petista já afirmou reservadamente que seu relatório recomendará o arquivamento do caso. Governista fiel, ele é suplente do ministro Alfredo Nascimento (Transportes).
A previsão é que o parecer seja apresentado na semana que vem. "A Casa está no foco, não posso errar nisso", limitou-se a dizer João Pedro.
Ou seja, a estratégia dos aliados de Renan é aproveitar o entendimento que há na Casa -de que o caso Schincariol não atinge o peemedebista em cheio- para engavetar as demais acusações. A suspeita é que Renan tenha praticado tráfico de influência para beneficiar a cervejaria junto à Receita.
"Sou favorável a colocar tudo numa coisa só e votar. Se houver requerimento, gostaria de juntar tudo e matar de uma vez", disse Wellington Salgado (PMDB-MG), que ontem festejava a vitória de Renan.
A articulação começou anteontem no plenário durante a sessão secreta que absolveu Renan e foi comandada por Aloizio Mercadante (PT-SP). Ele estava com um requerimento pronto para tentar adiar a votação de ontem e votar todos os processos juntos. A oposição vetou. Mercadante disse que se absteve na votação.

Oposição
Na oposição, a proposta é diferente. Parte das bancadas do PSDB e do DEM quer fundir o "caso Bruno", que trata de desvio de recursos públicos, com o processo sobre o uso de laranjas para comprar rádios.
A avaliação é que os dois casos têm agravantes, mas, como Renan saiu fortalecido do primeiro processo, é necessário unificá-los para que adquiram fôlego. "Somando mais indícios, fortalece a denúncia", afirmou o Álvaro Dias (PSDB-PR).
Nesse caso, a oposição não aceita a possibilidade de manter João Pedro na relatoria. Há duas propostas: ou senador considerado independente, ou repetir a dupla Renato Casagrande (PSB-ES) e Marisa Serrano (PSDB-MS). "Não seria bom para mim, pareceria coisa pessoal", disse Casagrande.
O líder do DEM, José Agripino Maia (RN), divulgou nota ontem na qual cobrava a nomeação imediata de um relator para o caso que envolve a compra das rádios. Ele também cobra que se faça uma acareação entre Renan e o ex-deputado João Lyra (AL), que confirmou acusações contra Renan. O DEM é autor da representação no Conselho de Ética em parceria com o PSDB.


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