DO ENVIADO A COPENHAGUE

Uma vez, quando era dirigente sindical, Lula foi criticado por uma noitada em uma badalada boate do centro de São Paulo. Reagiu dizendo que queria que toda a "classe operária" tivesse direito a freqüentar ambientes como aquele.
Ontem, em Copenhague, o presidente ficou sabendo que, na Dinamarca, os operários (ou, ao menos, os dirigentes) têm direito até a mais. O primeiro-ministro Anders Fogh Rasmussen brincou com Lula, na Confederação Dinamarquesa de Sindicatos: "Fico feliz de viver em um país em que os dirigentes sindicais podem comer caviar".
Era a deixa para presentear Lula com uma cestinha contendo não apenas caviar mas também "schnappf", aguardente muito popular no Norte europeu, em especial na própria Dinamarca.
A brincadeira de Rasmussen provocou risos nos dirigentes sindicais locais mas não foi entendida pelos brasileiros, já que o sistema de tradução simultânea falhara e só Lula tinha direito a intérprete ao pé do ouvido.
A Folha conseguiu a tradução com Kjeld Jakobssen, dirigente da CUT, dinamarquês naturalizado brasileiro, que ironizou: "É, mas só tem direito a caviar alguns dirigentes sindicais. Dizem que dos metalúrgicos".
O próprio presidente havia feito a sua brincadeira com a bela sede da confederação, situada bem acima de um dos canais que cortam e enfeitam Copenhague.
"Com uma sede maravilhosa como esta, com uma vista maravilhosa como esta, eu faria uma revolução por dia". Lula fez os mais rasgados elogios às monarquias. Admitiu que até há pouco, "não tinha o menor conhecimento de como funciona uma corte", mas, depois da visita à Dinamarca e a Suécia, ambos países monárquicos, começou a se perguntar: "Seria possível a um país como a Dinamarca não ter monarquia? Seria possível à Inglaterra prescindir da rainha? Penso que não".
(CLÓVIS ROSSI)


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