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JUSTIÇA
Comerciante recebeu fazenda de R$ 529 mil de Paulo Theotonio Costa
STJ quebra sigilo de suposto
"laranja" de desembargador
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O STJ (Superior Tribunal de
Justiça) determinou a quebra do
sigilo bancário do comerciante
Acidôneo Ferreira da Silva, suspeito de ser um "laranja" do desembargador Paulo Theotonio
Costa, afastado em dezembro
passado do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, sob a acusação
de manipular habeas corpus para
liberar um traficante preso.
A quebra do sigilo do suposto
intermediário foi autorizada pelo
ministro-relator Fernando Gonçalves em inquérito que apura a
suspeita de enriquecimento ilícito
do juiz, instaurado no STJ a partir
de reportagem da Folha.
O jornal revelou em julho de
1999 que o magistrado e o desembargador Roberto Haddad, também da mesma turma do tribunal, possuem patrimônio que
contrasta com o padrão comum
dos juízes brasileiros.
Seis meses depois da reportagem, Acidôneo Ferreira recebeu,
a título de pagamento de empréstimo que fizera em 1998 a uma
empresa do magistrado, uma fazenda de 2.393 hectares, no município de Rio Verde (MS), pelo valor registrado de R$ 529 mil.
Em despacho publicado no dia
8, o ministro Fernando Gonçalves
deferiu pedido da subprocuradora-geral da República Cláudia
Sampaio e determinou o prosseguimento das investigações, "tendo em vista a existência de fortes
indícios da prática de outros crimes, como sonegação fiscal, corrupção passiva e concussão" [extorsão ou peculato cometido por
empregado público no exercício
de suas funções".
Patrimônio investigado
Theotonio Costa e sua mulher, a
procuradora do Estado Marisa
Nittolo Costa, são os únicos sócios da construtora Kroona, que
lançou, em 1999, um conjunto residencial com sete prédios, em
Campo Grande (MS). O casal é
proprietário de vários imóveis,
apartamentos, flats, casa de praia
e terrenos em São Paulo.
Investigações da Receita Federal
levaram o ministro Fernando
Gonçalves a autorizar ainda a
quebra do sigilo bancário da Wafar Construção e Incorporação
Ltda. e da Distribuidora Jurídica
de Diários Oficiais Ltda., empresas de Acidôneo Ferreira
Também teve sigilo bancário
quebrado André Costa Reis, outro suposto intermediário de operações envolvendo Theotonio
Costa. No despacho publicado no
"Diário da Justiça", o ministro-relator registra que, segundo o
MPF, "Acidôneo, fortemente vinculado ao indiciado Paulo Theotonio Costa, seria deste um "laranja", revelando-se, ainda, ser André
Costa Reis seu "office-boy'".
Ação penal
A decisão do STJ foi publicada
na semana em que Theotonio
Costa viu indeferido pelo STF
(Supremo Tribunal Federal) pedido de liminar para adiar um interrogatório na ação penal em que
ele é acusado de falsificar documento público.
Theotonio Costa foi interrogado durante cinco horas na última
sexta-feira, no STJ, em Brasília,
depois de um primeiro adiamento concedido pelo ministro-relator Humberto Gomes de Barros.
O réu pretendia que o interrogatório fosse suspenso até o julgamento, pelo STF, de habeas corpus contra a decisão da Corte Especial do STJ que o afastou das
funções de desembargador, em
dezembro passado.
O pedido de liminar já havia sido indeferido em agosto pelo ministro-relator Gilmar Mendes, do
STF. O pedido de habeas corpus
recebeu parecer pelo indeferimento pelo procurador-geral da
República, Geraldo Brindeiro.
Em novembro de 1999, Theotonio Costa e Haddad moveram, cada um, ação de indenização por
danos morais contra a Empresa
Folha da Manhã, que edita a Folha. Acidôneo Ferreira foi arrolado como uma das testemunhas de
Theotonio Costa no processo que
tramita na 23ª Vara Cível.
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