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ESTADOS
PARTIDOS
Partido de Lula elegeu 147 deputados estaduais e se tornou a única sigla a ter representantes em todas as 27 unidades da Federação
PT cresce 63% nas Assembléias Legislativas
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Partido dos Trabalhadores
elegeu 147 deputados estaduais e
distritais e suas bancadas cresceram 63,33% em relação aos eleitos
pela sigla em 1998. O partido de
Luiz Inácio Lula da Silva tem o
maior número somado de parlamentares nos Estados. É, também, o único a ter representação
no Poder Legislativo de cada uma
das 27 unidades da Federação.
A eleição do último dia 6 foi a
melhor da história do PT, sigla
fundada em 1980. Os primeiros
números divulgados pela Justiça
Eleitoral mostraram que os petistas passaram a ter a maior bancada da Câmara dos Deputados, em
Brasília. Agora, sabe-se também
que o PT é hegemônico nos Estados: tem a maior bancada, sozinho ou em conjunto com alguma
outra sigla, em sete unidades da
Federação -inclusive em Estados importantes como São Paulo
e Minas Gerais.
O crescimento do PT nos Estados (63,33%) foi maior do que o
obtido pelo partido na Câmara. O
PT elegeu 59 deputados federais
em 98. Neste ano, conquistou 91
cadeiras e passou a ter a maior
bancada, mas em termos percentuais o avanço foi de 54,24%.
A Folha fez um levantamento
das bancadas eleitas para a Câmara dos Deputados e para as Assembléias Legislativas nos pleitos
de 1994, 1998 e 2002. Depois da redemocratização do Brasil, essas
foram as três eleições em que os
parlamentares foram escolhidos
na mesma votação com o presidente da República. Fernando
Collor foi eleito presidente em
1989, mas o Congresso só foi renovado em 1990.
PSDB
Apesar do grande avanço do PT,
os números demonstram que está
se consolidando um novo grande
partido no país: o PSDB. Diferentemente do que previam alguns
analistas políticos, os tucanos
continuam com um saldo positivo no período FHC, apesar de o
candidato a presidente da sigla,
José Serra, não ter terminado o
primeiro turno na frente.
Em 1994, o PSDB elegeu 97 deputados estaduais. Neste ano, foram 138 as cadeiras conquistadas
em 20 Estados -um crescimento
de 42,27%.
Na Câmara, também houve
crescimento do PSDB. Os tucanos
elegeram 63 deputados federais
em 1994 e 71 neste ano, um avanço de 12,70%.
Se se compara as bancadas tucanas eleitas em 98 com as conquistadas agora, só então é verificada
uma perda. Mas como o PSDB
permanece acima do seu patamar
do início do Real, é possível dizer
que a "onda vermelha" apenas fez
com que o partido de Fernando
Henrique Cardoso voltasse a um
patamar semelhante ao que ocupava no início do Plano Real.
PPB
Pior foi o efeito que os anos FHC
tiveram sobre outros quatro partidos fernandistas tradicionais:
PMDB, PFL, PPB e PTB. Não importa a soma ou o cruzamento feito. Essas siglas perdem sempre
-seja no período 1994 a 2002 ou
apenas na comparação de 1998
com a eleição atual.
O caso mais dramático de todos
é o do PPB, sigla que representa a
centro-direita e tem como suas
maiores expressões Paulo Maluf
(derrotado para o governo de São
Paulo) e Esperidião Amin (forçado a ir para o segundo turno nas
disputa pelo governo de Santa Catarina). O PPB elegeu 86 deputados federais e 166 estaduais em
1994. Era uma potência. Depois
da eleição deste ano, caiu para 49
federais (menos 43,02%) e 93 estaduais (menos 43,98%).
Apesar de todas as perdas, o
PPB ainda é a quinta maior força
da Câmara. Tem deputados federais eleitos em 21 unidades da Federação. Consegue essa abrangência por ser uma agremiação
antiga, derivada diretamente da
Arena, partido que deu sustentação ao regime militar (1964-1985).
Depois do PPB, o partido que
mais sofreu perdas nos anos FHC
foi o PMDB. Em 1994, era o maior
do país: elegeu 107 deputados federais e 205 estaduais. Agora, caiu
para 74 federais e 134 estaduais
-quedas de 30,84% e 34,63%,
respectivamente.
O PFL perdeu pouco na Câmara
durante o governo de FHC: só
cinco cadeiras (5,62%), caindo de
89 para 84 deputados federais. O
PTB saiu de 31 para 26 deputados
federais (uma queda de 16,13%).
Esquerdas
No espectro da esquerda e da
centro-esquerda, além do PT,
quase todos os partidos registraram ganhos. A exceção ficou por
conta do PDT, presidido por Leonel Brizola -que tentou e não
conseguiu se eleger senador pelo
Rio de Janeiro.
O PDT teve queda contínua nos
anos FHC. Em 1994, elegeu 34 deputados federais e 88 estaduais.
Agora, conseguiu 21 cadeiras na
Câmara dos Deputados e 62 nas
Assembléias Legislativas.
Já o PSB, de Anthony Garotinho
e Miguel Arraes, e o PPS, de Ciro
Gomes, avançaram nos anos FHC
-podem ser chamados agora de
partidos médios.
Os socialistas do PSB elegeram
15 deputados federais em 1994 e
na eleição deste ano foram para
22. O PPS saiu de apenas 2 para 15.
Nas Assembléias Legislativas, essas siglas tinham 32 e 3 cadeiras,
respectivamente. Agora, 59 e 41.
Nanicos
Os partidos nanicos continuam
a manter uma parcela mais ou
menos constante de 5% a 10% das
cadeiras na Câmara e nos Legislativos dos Estados.
Um caso notável de perda de espaço é o PMN (Partido da Mobilização Nacional). Aliou-se formalmente a Luiz Inácio Lula da Silva
nesta eleição, mas saiu pior do
que entrou -na comparação
com o desempenho em pleitos
anteriores.
Em 1994, o PMN elegeu 4 deputados estaduais e 18 estaduais.
Agora, saiu das urnas com 1 federal e 9 estaduais.
O PL (Partido Liberal) fez um
caminho igual ao do PMN, mas
com resultado inverso. Os liberais
começaram pequenos em 1994,
elegendo 13 deputados federais.
Com fama de fisiológicos, foram
para apenas 12 em 1998. Havia risco de a sigla ser extinta em próximas eleições. Dependia da cooptação de parlamentares voláteis
no plenário do Congresso.
A direção do PL fez então uma
aposta de risco: aliou-se a Lula na
eleição presidencial. Os liberais
elegeram sua maior bancada na
Câmara: 26 deputados. Um crescimento de 100% na era FHC.
Partido Verde
O PV (Partido Verde) finalmente conseguiu eleger mais de um
deputado federal. Agora, começará 2003 com cinco cadeiras na Câmara dos Deputados. Nas Assembléias Legislativas, os verdes terão
11 representantes, sendo cinco deles em São Paulo.
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