São Paulo, segunda-feira, 14 de outubro de 2002

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ESTADOS

PARTIDOS

Partido de Lula elegeu 147 deputados estaduais e se tornou a única sigla a ter representantes em todas as 27 unidades da Federação

PT cresce 63% nas Assembléias Legislativas

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Partido dos Trabalhadores elegeu 147 deputados estaduais e distritais e suas bancadas cresceram 63,33% em relação aos eleitos pela sigla em 1998. O partido de Luiz Inácio Lula da Silva tem o maior número somado de parlamentares nos Estados. É, também, o único a ter representação no Poder Legislativo de cada uma das 27 unidades da Federação.
A eleição do último dia 6 foi a melhor da história do PT, sigla fundada em 1980. Os primeiros números divulgados pela Justiça Eleitoral mostraram que os petistas passaram a ter a maior bancada da Câmara dos Deputados, em Brasília. Agora, sabe-se também que o PT é hegemônico nos Estados: tem a maior bancada, sozinho ou em conjunto com alguma outra sigla, em sete unidades da Federação -inclusive em Estados importantes como São Paulo e Minas Gerais.
O crescimento do PT nos Estados (63,33%) foi maior do que o obtido pelo partido na Câmara. O PT elegeu 59 deputados federais em 98. Neste ano, conquistou 91 cadeiras e passou a ter a maior bancada, mas em termos percentuais o avanço foi de 54,24%.
A Folha fez um levantamento das bancadas eleitas para a Câmara dos Deputados e para as Assembléias Legislativas nos pleitos de 1994, 1998 e 2002. Depois da redemocratização do Brasil, essas foram as três eleições em que os parlamentares foram escolhidos na mesma votação com o presidente da República. Fernando Collor foi eleito presidente em 1989, mas o Congresso só foi renovado em 1990.

PSDB
Apesar do grande avanço do PT, os números demonstram que está se consolidando um novo grande partido no país: o PSDB. Diferentemente do que previam alguns analistas políticos, os tucanos continuam com um saldo positivo no período FHC, apesar de o candidato a presidente da sigla, José Serra, não ter terminado o primeiro turno na frente.
Em 1994, o PSDB elegeu 97 deputados estaduais. Neste ano, foram 138 as cadeiras conquistadas em 20 Estados -um crescimento de 42,27%.
Na Câmara, também houve crescimento do PSDB. Os tucanos elegeram 63 deputados federais em 1994 e 71 neste ano, um avanço de 12,70%.
Se se compara as bancadas tucanas eleitas em 98 com as conquistadas agora, só então é verificada uma perda. Mas como o PSDB permanece acima do seu patamar do início do Real, é possível dizer que a "onda vermelha" apenas fez com que o partido de Fernando Henrique Cardoso voltasse a um patamar semelhante ao que ocupava no início do Plano Real.

PPB
Pior foi o efeito que os anos FHC tiveram sobre outros quatro partidos fernandistas tradicionais: PMDB, PFL, PPB e PTB. Não importa a soma ou o cruzamento feito. Essas siglas perdem sempre -seja no período 1994 a 2002 ou apenas na comparação de 1998 com a eleição atual.
O caso mais dramático de todos é o do PPB, sigla que representa a centro-direita e tem como suas maiores expressões Paulo Maluf (derrotado para o governo de São Paulo) e Esperidião Amin (forçado a ir para o segundo turno nas disputa pelo governo de Santa Catarina). O PPB elegeu 86 deputados federais e 166 estaduais em 1994. Era uma potência. Depois da eleição deste ano, caiu para 49 federais (menos 43,02%) e 93 estaduais (menos 43,98%).
Apesar de todas as perdas, o PPB ainda é a quinta maior força da Câmara. Tem deputados federais eleitos em 21 unidades da Federação. Consegue essa abrangência por ser uma agremiação antiga, derivada diretamente da Arena, partido que deu sustentação ao regime militar (1964-1985).
Depois do PPB, o partido que mais sofreu perdas nos anos FHC foi o PMDB. Em 1994, era o maior do país: elegeu 107 deputados federais e 205 estaduais. Agora, caiu para 74 federais e 134 estaduais -quedas de 30,84% e 34,63%, respectivamente.
O PFL perdeu pouco na Câmara durante o governo de FHC: só cinco cadeiras (5,62%), caindo de 89 para 84 deputados federais. O PTB saiu de 31 para 26 deputados federais (uma queda de 16,13%).

Esquerdas
No espectro da esquerda e da centro-esquerda, além do PT, quase todos os partidos registraram ganhos. A exceção ficou por conta do PDT, presidido por Leonel Brizola -que tentou e não conseguiu se eleger senador pelo Rio de Janeiro.
O PDT teve queda contínua nos anos FHC. Em 1994, elegeu 34 deputados federais e 88 estaduais. Agora, conseguiu 21 cadeiras na Câmara dos Deputados e 62 nas Assembléias Legislativas.
Já o PSB, de Anthony Garotinho e Miguel Arraes, e o PPS, de Ciro Gomes, avançaram nos anos FHC -podem ser chamados agora de partidos médios.
Os socialistas do PSB elegeram 15 deputados federais em 1994 e na eleição deste ano foram para 22. O PPS saiu de apenas 2 para 15. Nas Assembléias Legislativas, essas siglas tinham 32 e 3 cadeiras, respectivamente. Agora, 59 e 41.

Nanicos
Os partidos nanicos continuam a manter uma parcela mais ou menos constante de 5% a 10% das cadeiras na Câmara e nos Legislativos dos Estados.
Um caso notável de perda de espaço é o PMN (Partido da Mobilização Nacional). Aliou-se formalmente a Luiz Inácio Lula da Silva nesta eleição, mas saiu pior do que entrou -na comparação com o desempenho em pleitos anteriores.
Em 1994, o PMN elegeu 4 deputados estaduais e 18 estaduais. Agora, saiu das urnas com 1 federal e 9 estaduais.
O PL (Partido Liberal) fez um caminho igual ao do PMN, mas com resultado inverso. Os liberais começaram pequenos em 1994, elegendo 13 deputados federais. Com fama de fisiológicos, foram para apenas 12 em 1998. Havia risco de a sigla ser extinta em próximas eleições. Dependia da cooptação de parlamentares voláteis no plenário do Congresso.
A direção do PL fez então uma aposta de risco: aliou-se a Lula na eleição presidencial. Os liberais elegeram sua maior bancada na Câmara: 26 deputados. Um crescimento de 100% na era FHC.

Partido Verde
O PV (Partido Verde) finalmente conseguiu eleger mais de um deputado federal. Agora, começará 2003 com cinco cadeiras na Câmara dos Deputados. Nas Assembléias Legislativas, os verdes terão 11 representantes, sendo cinco deles em São Paulo.



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