São Paulo, sábado, 14 de outubro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Presidenciáveis disputam Zona Franca de Manaus com promessas de investimento

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

Os presidenciáveis Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB) disputaram ontem espaço em emissoras de rádio do Amazonas e tentaram ganhar o eleitorado local com promessas de investimento na Zona Franca de Manaus. Aliados de Lula no Estado divulgam a versão de que Alckmin é inimigo da Zona Franca, utilizando trechos de um discurso feito por ele em 1992, quando era deputado federal.
Em entrevista concedida pela manhã no Palácio da Alvorada a emissoras de rádios da região Norte, Lula disse que a Zona Franca "definhou" nos governos de Fernando Collor (90-92) e FHC (95-02).
"Nós saímos de 80 mil trabalhadores para 50 mil trabalhadores, e hoje, graças ao nosso bom Deus, já temos 102 mil trabalhadores na região", afirmou o presidente Lula.
Lula também acusou Alckmin de ter adotado medidas que incentivaram a guerra fiscal entre os Estados. Como exemplo, o petista citou o incentivo do governo de São Paulo para levar empresas do Amazonas a São Paulo.
"O meu adversário, quando era governador de São Paulo, sobretaxou o celular de São Paulo, de Manaus em São Paulo, para fazer com que as empresas saíssem de Manaus para ir para São Paulo. Essa competição desigual não pode acontecer senão a gente leva a uma divisão do Brasil como um todo", declarou Lula.
Menos de uma hora depois do término da entrevista do presidente, Alckmin deu uma entrevista à rádio CBN de Manaus. "Os nossos adversários acabaram passando boatos de que nós somos contra a Zona Franca de Manaus, o que não é verdade", afirmou Alckmin.
"Fui constituinte [como deputado federal] e a Constituição brasileira consagrou o modelo da Zona Franca de Manaus, que é um modelo de sucesso e bem sucedido. E foi também através de um acordo, por ocasião da reforma tributária, que foi prorrogada a Zona Franca até o ano de 2023. Então nós vamos dar todo o apoio ao parque industrial de Manaus e a minha proposta é liberar os recursos contigenciados da Suframa [autarquia federal que concede os incentivos] para infra-estrutura e logística, para dar maior competitividade para Manaus."
Nos últimos dias, a campanha tucana à Presidência distribuiu 180 mil panfletos no Amazonas informando que Alckmin não tem planos de desmontar a Zona Franca.
Segundo os tucanos, "boatos mentirosos", como o desmonte da Zona Franca, a privatização de estatais e o fim de concursos públicos no Distrito Federal e do programa Bolsa Família, fazem parte de uma estratégia petista de criar uma "atmosfera de medo" no eleitorado.
A entrevista de Alckmin à CBN de Manaus foi intermediada pelo senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) e transmitida também para a cidade de Parintins. Alckmin estava em Pernambuco quando falou para o âncora da emissora, Ronaldo Tiradentes. Ele é ex-secretário de Comunicação do ex-governador Amazonino Mendes (PFL), que não apoiou o tucano no primeiro turno.
A entrevista de Alckmin durou 13 minutos e depois foi colocada no ar outras duas vezes, provocando reação da coordenação da campanha de Lula no Amazonas. "Pedimos o mesmo espaço para o presidente Lula", disse César Wanderley, assessor de imprensa do PT.


Colaborou a Sucursal de Brasília

Texto Anterior: Eleições 2006/Presidência: Após apoio de Maggi, governo libera R$ 1 bilhão para produtores de soja
Próximo Texto: Eleições 2006/Campanha: CUT e UNE usam artifício para apoiar Lula
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.