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ELEIÇÕES 2006 / CAMPANHA
CUT e UNE usam artifício para apoiar Lula
Entidades organizam campanha contra Alckmin para tentar driblar lei que as impede de fazer publicidade para presidente
Para advogado, propaganda
e antipropaganda são faces
da mesma moeda: "É o
mesmo que fazem partidos
de aluguel. Isso é campanha"
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Engajadas na reeleição do
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, entidades de classe e sindicais -entre elas CUT, UNE e
MST- iniciaram uma campanha nacional contra Geraldo
Alckmin (PSDB).
A UNE (União Nacional dos
Estudantes), por exemplo, está
distribuindo panfletos em que
diz que o ex-governador de São
Paulo vai fazer privatizações,
criminalizar os movimentos
sociais e, até, cobrar mensalidades das universidades públicas.
Os custos estão sendo bancados pelas próprias entidades,
segundo Antonio Carlos Spis,
da CUT (Central Única dos
Trabalhadores). "É uma quantidade considerável [de panfletos] para distribuir para população, mas é tipo xerox, é só papel, preto-e-branco, frente e
verso", disse o sindicalista sobre o baixo custo da campanha.
Pela resolução 22.250, "é vedado a partido e a candidato receber, direta ou indiretamente,
doação em dinheiro ou estimável em dinheiro, inclusive por
meio de publicidade de qualquer espécie" de "entidade de
classe ou sindical".
Para o especialista em legislação eleitoral, Alberto Rollo,
61, presidente do Idipea (Instituto de Direito Político, Eleitoral e Administrativo), essa
campanha anti-Alckmin também fere a legislação. "A propaganda e antipropaganda são faces da mesma moeda. É o mesmo que fazem os partidos de
aluguel. Isso é campanha."
Ainda segundo ele, se confirmado o financiamento do material pelas entidades, a campanha de Lula, que seria a principal beneficiária, poderá ser enquadrada no artigo 30-A da lei
9.504/97, que prevê até a cassação do diploma do eleito.
As entidades informam que,
na quinta-feira, haverá um ato
nacional pró-Lula, mas que
seus representantes participarão como militantes, e não em
nome delas, dentro da lei.
As mesmas entidades de
classe tentaram, em junho passado, um grande ato pró-Lula,
mas conseguiram reunir apenas 1.000 pessoas em SP. As
três receberam do governo Lula, até abril, cerca de R$ 60 milhões, mas negam favorecimento. Dizem que são financiamentos de projetos, todos com
rigorosa prestação de contas.
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