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Índios destroem canteiro de obras de hidrelétrica no MT
Usina integra complexo planejado por consórcio do qual faz parte empresa de Blairo
Dez hidrelétricas vão ser construídas no rio Juruena; indígenas dizem que obras deverão acarretar impactos, como menor oferta de peixe
RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
Cerca de 120 índios da etnia
enawenê nawê invadiram e incendiaram na manhã de sábado
o canteiro de obras da PCH (Pequena Central Hidrelétrica)
Telegráfica, em Sapezal (MT).
Pelo menos 12 caminhões foram destruídos, além dos alojamentos e do escritório avançado da Juruena Participações
Ltda. -consórcio de empresas
que constrói a usina. Equipamentos de informática também foram saqueados, diz a
empresa. Os índios abandonaram o local em seguida.
"Eles expulsaram os funcionários e depois colocaram fogo
em tudo", disse o coordenador-técnico ambiental da empresa,
Frederico Müller.
O administrador regional da
Funai em Juína, Antônio Carlos de Aquino, chamou de "tragédia" a ação dos índios. "Foi
algo totalmente inesperado."
A Telegráfica integra um
complexo de dez usinas que será implantado ao longo de 110
km do rio Juruena, na região
noroeste de Mato Grosso. A Juruena Participações responderá por outras quatro obras do
conjunto (Rondon, Parecis, Sapezal e Cidezal), enquanto o
restante ficará a cargo da Maggi
Energia, empresa do grupo empresarial do governador Blairo
Maggi (PR).
Os índios dizem que as obras
vão causar impactos ambientais e reduzir a oferta de peixes.
A Sema (Secretaria Estadual do
Meio Ambiente), encarregada
do licenciamento ambiental,
diz que o impacto será pequeno. Segundo o secretário-adjunto do órgão, Salatiel Araújo,
dependia apenas dos enawenê
nawê a assinatura de um acordo de compensação financeira
em relação aos impactos na região -R$ 6 milhões, para as
cinco etnias afetadas.
Desde 2007, o Ministério Público Federal de Mato Grosso
propôs duas ações civis pedindo a suspensão das obras por
causa de seus impactos sócio-ambientais. Em abril, a Procuradoria obteve liminar no TRF
(Tribunal Regional Federal),
mas a ação foi cassada pelo STF
(Supremo Tribunal Federal).
A Folha tentou contato com
os índios, sem sucesso. Procurados, o grupo Maggi e a Juruena Participações não ligaram
de volta para a reportagem.
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