São Paulo, terça-feira, 14 de novembro de 2000

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Bresser aparece em registro como último a mudar planilha

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Registro eletrônico da principal planilha secreta com a contabilidade da campanha de reeleição de FHC aponta o nome do ex-ministro Luiz Carlos Bresser Pereira como o responsável pelas últimas alterações no documento.
Na edição de domingo, a Folha revelou que R$ 10,120 milhões arrecadados pelo comitê financeiro presidencial foram omitidos da prestação de contas enviada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O caixa-dois da campanha foi revelado por uma planilha eletrônica que tem como autor Sérgio Luiz Gonçalves Pereira -irmão de Bresser e seu braço direito no comitê financeiro- e como último usuário a fazer alterações Luiz Carlos Bresser Pereira. A modificação foi feita no dia 30 de setembro de 1998, às 20h38min16s, ainda segundo o arquivo eletrônico.
Se houvesse alguma alteração posterior a essa data, cujo teor fosse novamente salvo, o nome do novo usuário seria registrado. Especialistas consultados pela Folha disseram que as modificações feitas em 30 de setembro utilizaram um programa Excel instalado em nome do ex-ministro.
Do ponto de vista técnico, alguém agindo de má-fé, interessado em atribuir a Bresser a última alteração, poderia acessar as características do software e inscrever o nome do ex-ministro como usuário do programa. Da mesma forma, poderia alterar o relógio interno do micro para garantir que a modificação fosse registrada em uma data predefinida.
Em sucessivas entrevistas, Bresser vem negando a autoria do documento. Ontem, uma empregada afirmou que ele havia "viajado para os Estados Unidos com a mulher".

Dinâmica
Bresser já havia admitido ter elaborado e utilizado uma planilha mais simples, com apenas uma coluna para registro das doações captadas e disse que foi ajudado na tarefa pelo irmão, Sérgio Pereira. Declarou ainda que abandonou a metodologia porque as informações eram ultrapassadas pela dinâmica da arrecadação de fundos. A Folha apurou que as informações contidas numa segunda planilha, na qual Bresser é citado como autor, foram utilizadas no documento principal que revela a existência de doações não registradas no TSE.
Anteontem, em entrevista à Folha, Bresser assumiu a responsabilidade por qualquer omissão ao TSE de contribuições feitas para a campanha. Não soube explicar, no entanto, por que doações não aparecem na prestação de contas enviada ao TSE. A estratégia do governo é atribuir a Bresser a responsabilidade por qualquer contribuição que não conste no TSE, para preservar FHC de acusações sobre doações não-oficiais.
(AM e WG)


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