São Paulo, quarta-feira, 14 de novembro de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Renan 2, a largada

Se restava alguma dúvida de que Jefferson Péres (PDT-AM) pedirá hoje a cassação de Renan Calheiros (PMDB-AL), ela foi dirimida ontem diante do tratamento duro, quase inquisitorial, dispensado pelo relator ao governador Teo Vilela (PSDB-AL) e ao empresário Nazário Pimentel, últimas testemunhas de defesa de Renan no caso do suposto uso de de laranjas para compra de veículos de comunicação.
Com a leitura do relatório, alguns senadores se dedicarão a articular um movimento pela declaração aberta do voto em plenário neste segundo processo contra o presidente licenciado. Seria um paliativo, já que o voto aberto não foi aprovado a tempo. Em caso de declaração falsa, também o parlamentar estaria sujeito a processo por quebra de decoro.

Oferta. O senador Cesar Borges (PR-BA) fez chegar à direção do DEM a seguinte proposta: vota contra a CPMF, ou deixa de votar, se a sigla desistir de pleitear seu mandato de volta na Justiça.

Cabresto. A indefinição sobre o voto de Expedito Filho (PR-RO), ameaçado pela Justiça Eleitoral, obrigou o ministro Alfredo Nascimento (Transportes) a entrar no jogo. Prometeu liberar emendas ao correligionário em troca de seu apoio à CPMF.

Campo fértil 1. Ainda sem todos os votos da base, o governo tenta garimpar apoios à CPMF na oposição. Os tucanos Eduardo Azeredo (MG) e Lúcia Vânia (GO) e os "demos" Jayme Campos (MT), Jonas Pinheiro (MT) e Rosalba Ciarlini (RN) estão no topo das prioridades.

Campo fértil 2. Azeredo aguçou a esperança governista ao viajar para Nova York e não votar na CCJ. Rosalba vem sendo afagada diariamente. Ontem, conversava animada com Roseana Sarney (PMDB-MA) no cafezinho.

Foco. Uma das medidas incluídas no acordo entre governo e PMDB tem como foco os senadores ligados aos ruralistas, como os mato-grossenses Campos e Pinheiro: a renegociação da dívida rural. A idéia é a dar a eles discurso para que se contraponham à orientação partidária.

Pés pelas mãos. Líderes governistas foram unânimes em apontar o culpado pela declaração contra a CPMF de Pedro Simon (PMDB-RS). Acham que Valdir Raupp (PMDB-RO) foi inábil ao dizer que o decano havia pedido para ser substituído por não saber como votar, o que levou à dura cobrança feita por Arthur Virgílio (PSDB-AM).

Modos de usar. Raupp, expoente da tropa de choque de Renan no primeiro processo, é hoje o candidato do peito de José Sarney (PMDB-AP) à presidência do Senado. Na bancada, mesmo adversários observam que o senador é "pouco anguloso". Ou seja, se encaixa com facilidade nos interesses de diversos colegas.

Ebulição 1. Rompido com Yeda Crusius, o vice Paulo Feijó (DEM) aproveita escândalo recém-descoberto no Detran gaúcho para bombardear o "tarifaço" que a tucana tenta aprovar na Assembléia. "O governo não pode pedir aumento de impostos enquanto o dinheiro público escorre pelos ralos da corrupção", escreve em seu blog.

Ebulição 2. Com medo de derrota no plenário, os aliados de Yeda na Assembléia fizeram de tudo ontem para adiar a votação do "tarifaço", marcada para hoje. Mas esbarraram na aliança tática do bloco PT-PC do B com o DEM. Agora, resta aos governistas tentar obstruir a sessão ou aprovar requerimento para retirar o projeto de pauta.

Foice. A disputa pelos diretórios regionais do PT na eleição de dezembro rachou o outrora chamado Campo Majoritário não apenas em São Paulo mas também na região Nordeste. No Piauí e no Ceará, os bate-bocas já atingiram temperatura máxima.

Assim não. O PT vai à Justiça contra a idéia do governo Serra de ampliar o escopo de atividades da Sabesp e de outras empresas paulistas da área. O dispositivo foi incluído na proposta que cria a agência de saneamento do Estado. Para a oposição, seria necessário projeto específico.

Tiroteio

"O governo conseguiu assegurar dois votos contra a CPMF no plenário: os de Mozarildo Cavalcanti e Pedro Simon. Foram ambos jogados no colo da oposição."


Do senador JARBAS VASCONCELOS (PMDB-PE), adversário da prorrogação, sobre a decisão de líderes governistas de retirar os senadores da CCJ por terem se manifestado contra o imposto.

Contraponto

Conectado

Auxiliares próximos já haviam notado que Lula se tornou um aficionado do Google Earth, ferramenta de busca online que permite visualizar países, cidades, ruas e até mesmo edifícios específicos. Ontem foi a vez de um grupo de ministros tomar ciência da novidade. Chamados ao Planalto para discutir o andamento do PAC, eles se revezavam em relatos sobre a execução das obras em suas respectivas áreas quando o chefe achou por bem fazer um alerta:
-Fiquem sabendo que agora, além da Dilma para cobrar, eu tenho o Google para conferir o que vocês me dizem!


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