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Governo aprova CPMF na CCJ do Senado, mas teme plenário
Base aliada substitui três senadores e derruba relatório da oposição por 12 votos a 9
Planalto calcula que terá
entre quatro e cinco baixas
na sua base, mas espera
contar com alguns votos da
oposição para manter CPMF
Alan Marques/Folha imagem
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Mantega, Ideli Salvatti, Walfrido e Jucá, em reunião no Senado |
SILVIO NAVARRO
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após sucessivas manobras e
concessões ao PMDB, o governo conseguiu derrubar ontem o
relatório do DEM na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) que vetava a prorrogação da
cobrança da CPMF (o imposto
do cheque) até 2011.
Com a rejeição do parecer da
oposição foi aprovado um relatório alternativo, do líder do governo na Casa, Romero Jucá
(PMDB-RR), que restabelece o
texto enviado pela Câmara
prorrogando a cobrança da
CPMF por mais quatro anos. A
PEC (Proposta de Emenda
Constitucional) vai ao plenário,
para dois turnos de votação.
Para ter maioria, o governo
substituiu nos dois últimos dias
os senadores Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) e Pedro Simon
(PMDB-RS). Ambos declararam que votariam contra a
CPMF. Graças às trocas, o placar na comissão foi de 12 a 9. O
senador Jefferson Péres (PDT-AM), que anunciou que pretendia se abster, não apareceu.
O parecer original, da senadora Kátia Abreu (DEM-TO),
dizia que a prorrogação da contribuição era inconstitucional.
"Perdemos uma batalha, mas
tenho certeza de que a maioria
dos senadores votará contra a
CPMF no plenário", disse ela.
Apesar da vitória, os líderes
do governo deixaram a sessão
(que durou seis horas) preocupados. O governo esperava que
o pacote de medidas acordado
com os ministros Guido Mantega (Fazenda) e Walfrido dos
Mares Guia (Relações Institucionais) convencesse a base: o
Planalto propôs um redutor da
alíquota da CPMF, uma faixa
de isenção para quem ganha até
R$ 2.894 e um mecanismo de
redução dos gastos públicos.
Mas as medidas não foram
suficientes, e o clima na CCJ se
agravou com o atrito gerado pela retirada de Simon. O líder do
PMDB, Valdir Raupp (RO), disse que Simon pediu para ser
substituído, o que ele negou:
"Fui informado pela senadora
Roseana Sarney que a bancada
do PMDB decidira votar favorável e substituir quem se declarasse contra", disse Simon.
"Mantenho minha convicção e
darei meu voto contrário à
CPMF quando da votação definitiva no plenário do Senado".
Raupp disse que ele o autorizou a fazer a troca em nome da
"unidade do partido": "Ele falou: "Se vocês quiserem podem
fazer a substituição porque se
eu for à CCJ votarei contra'".
Entre os líderes do governo
há um temor de que a saída de
Simon amplie as dissidências
na base. Oficialmente são 53
aliados, mas, fora Simon, já há
quatro baixas certas: Jarbas
Vasconcelos (PMDB-PE), Mão
Santa (PMDB-PI), Mozarildo
Cavalcanti (PTB-RR), Expedito Júnior (PR-RO). Se todas se
confirmassem, elas impediriam que o governo atingisse o
número mínimo de 49 votos.
Outro agravante é o comportamento considerado "vacilante" do Jefferson Péres -um voto cada vez mais incerto. Ele
disse na enquete da Folha que
era contra a CPMF e, ontem,
antes de desaparecer, anunciou abstenção: "Aqui vou me
abster, como quem diz ao governo: sua proposta não me
convenceu. Mas, no plenário,
vou votar sim ou não. Se até lá o
governo não enviar uma proposta convincente, vou votar
contra nem que seja o último
voto para chegar aos 49".
Negociações
A tendência agora é que o governo inicie novas negociações
para "trabalhar" não só os votos
dos dissidentes como conquistar alguns votos do PSDB. A
avaliação é que até 4 dos 13 votos tucanos são negociáveis. "A
partir de agora vamos para uma
nova negociação. Para repetir
essa vitória no plenário é preciso trabalhar", afirmou Jucá.
Pelos votos tucanos, a estratégia é procurar os governadores, especialmente os tucanos
José Serra (SP), Aécio Neves
(MG) e Yeda Crusius (RS). Essa
última agiria para tentar "virar" o voto de Simon. No caso
da base, os ministros do PR e do
PTB serão convocados a intervir pelos votos de Expedito Júnior e Mozarildo Cavalcanti.
Na próxima semana, a emenda da CPMF receberá as chamadas emendas de plenário.
Em seguida, a PEC voltará à
CCJ para análise das emendas,
mas com Jucá na relatoria a
tramitação deverá ser rápida. A
previsão é que a CPMF seja votada em primeiro turno entre
os dias 6 e 11 de dezembro.
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