São Paulo, quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Assessor preso trabalha para aliado de Renan

Detido na Operação Carranca, Eurípedes Marinho dos Santos atua no gabinete do deputado Joaquim Beltrão (PMDB-AL)

Polícia diz, porém, que ainda não existem provas de que emendas parlamentares foram destinadas às obras sob suspeita em Alagoas


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

Preso em Brasília durante a Operação Carranca, deflagrada pela Polícia Federal, o assessor parlamentar Eurípedes Marinho dos Santos é funcionário lotado no gabinete do deputado federal Joaquim Beltrão (PMDB-AL), aliado do presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
A operação prendeu 21 pessoas -uma ontem e as outras anteontem- suspeitas de fraudes em licitações e desvio de verbas federais envolvendo convênios com pelo menos 12 prefeituras de Alagoas.
A polícia diz que ainda não há provas de que emendas parlamentares foram destinadas às obras sob suspeita. Segundo a Folha apurou, a polícia pretende inicialmente centralizar as investigações sobre as empreiteiras que participaram do esquema, para só depois, com informações dos depoimentos, apurar se havia desdobramentos do esquema em Brasília.
Uma das empreiteiras investigadas, a Lacerda Engenharia Ltda., tem ao menos dois contratos com a Prefeitura de Murici, a partir de convênios com a União, que somam R$ 5,5 milhões. A cidade é administrada por Renan Calheiros Filho (PMDB), filho do senador.
O dono da empresa, Ronaldo Lacerda, está preso. Os contratos se referem a obras de drenagem, construção de um ginásio e obras de infra-estrutura com recursos da Funasa.
As investigações da PF apontam que dois funcionários da CEF (Caixa Econômica Federal) eram peças-chave do esquema. A investigação corre sob sigilo de Justiça, mas, segundo a Folha apurou, os engenheiros Geraldo Monteiro de Carvalho e Nelson Tenório de Oliveira trabalhavam na Gidur (Gerência de Desenvolvimento Urbano) de Alagoas, órgão da CEF responsável por acompanhar projetos de saneamento e infra-estrutura.
Os engenheiros seriam os responsáveis por facilitar a liberação de verbas repassadas pelos ministérios por meio do banco. Cinco dos ministérios que teriam convênios sob suspeita (Educação, Cidades, Turismo, Integração Nacional e Desenvolvimento Agrário) têm o trabalho de acompanhamento das obras conveniadas feito pela CEF. A exceção é o Ministério da Saúde, que tem como fiscais os servidores da Funasa.
A polícia trabalha com a hipótese de que os engenheiros, suspeitos de corrupção ativa e passiva, autorizavam parte dos repasses para conclusão de obras mesmo diante de irregularidades em sua execução.
De acordo com o delegado da PF André Costa, responsável pelas apurações, as empresas concorrentes se encontravam antes do resultado para combinar qual delas sairia vencedora -e as demais empreiteiras ficavam com uma porcentagem do lucro. Algumas obras eram superfaturadas ou executadas com material de qualidade inferior ao definido no contrato,
(ANDRÉA MICHAEL, MATHEUS PICHONELLI e SÍLVIA FREIRE)


Texto Anterior: Outro lado: Deputados de Alagoas negam irregularidade
Próximo Texto: Outro lado: Político nega vínculo com funcionário
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.