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INVESTIGAÇÃO
Presidente não comenta o caso, mas acusa Collor indiretamente
FHC diz que quem o acusa deveria estar na cadeia
LUIZ ANTÔNIO RYFF
da Sucursal do Rio
O presidente
Fernando Henrique Cardoso
disse ontem no
Rio que as denúncias de que
teria uma conta
em um paraíso
fiscal estão sendo feitas por pessoas que deveriam "estar na cadeia
por ter feito coisas falsas".
Ele não citou nomes, mas as declarações são referências indiretas
ao ex-presidente Fernando Collor
de Mello, que deixou o cargo em
1992, após processo de impeachment, e teria sido um dos responsáveis por iniciar as denúncias.
"Pessoas que o Brasil custou a
expulsar da vida pública e da credibilidade voltam às páginas do jornal sem acusar concretamente
ninguém", afirmou. FHC disse
ainda sentir "tristeza" ao ver que
há "outra vez espaço para quem
devia estar na cadeia por ter feito
coisas falsas".
FHC se negou a responder a
qualquer pergunta e afirmou que
as "insinuações" não devem ser
respondidas. "Eu peço aos senhores que não ousem me perguntar
sobre o que não deve ser pensado e
muito menos respondido por alguém que tem dignidade, tem decência como eu", disse, no fim de
uma declaração.
O presidente classificou como
"uma montagem reles, malfeita,
feita por farsantes, por falsários"
os papéis que supostamente mostrariam que ele seria um dos proprietários de uma empresa com sede em Nassau, nas Bahamas, juntamente com o governador de São
Paulo, Mário Covas, o ministro da
Saúde, José Serra, e o ministro das
Comunicações Sérgio Motta, morto em abril deste ano.
"Como brasileiro, como presidente da República, eu sinto indignação e tristeza", disse.
As declarações foram dadas de
manhã, na entrada da Escola Naval, onde o presidente fez uma palestra a alunos e estagiários dos
cursos de Altos Estudos das Escolas de Guerra Naval, Superior de
Guerra, de Comando e Estado-Maior do Exército e Aeronáutica.
No discurso, ele voltou a criticar
"cassandras e carpideiras" que
apregoam o fim do Real. "Todas as
vezes em que as situações de dificuldades se apresentam, têm elas a
impressão de ter chegado o momento do golpe fatal."
Na chegada à cerimônia, FHC caminhou em direção aos jornalistas, mas não quis dar entrevista.
Apenas falou, virou as costas e entrou no auditório. Segundo o presidente, as insinuações contra ele
devem ser repudiadas e não são
nem "respondíveis".
"É preciso expressar ao país a indignação que eu sinto por ver mais
uma vez pessoas sem credibilidade
voltarem à cena pública com insinuações. E, quando se pergunta do
que se trata, todos dizem que não
viram. E depois, como ousam perguntar se é certo ou o se é errado o
que ninguém viu? O que todo
mundo diz que não sabe, que não
existe?", disse.
FHC disse que falava por ele e pelas outras pessoas citadas. "O patrimônio moral vale mais do que
tudo. E o patrimônio moral de um
presidente é indispensável para o
país no momento em que eu passo
dias e noites defendendo a nossa
moeda, defendendo o Brasil, tendo
presença no exterior", disse ele,
que afirmou estar lutando pela
"dignidade do país".
"Vejo notinhas no exterior levantando suspeitas sobre o que
não pode ser suspeito, a honorabilidade do presidente da República", afirmou.
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Protesto
Um grupo de cerca de cem funcionários da Fundação Nacional
de Saúde se concentrou à tarde na
entrada do Parque Guinle, onde fica o Palácio Laranjeiras, para protestar contra os cortes anunciados
na Saúde esta semana.
No palácio, FHC estava reunido
com intelectuais para discutir novos rumos para a economia do
país. O Batalhão de Choque da Polícia Militar foi chamado, mas, depois de uma hora, os manifestantes saíram pacificamente.
Eles continuaram o protesto em
frente ao Palácio Guanabara, onde
o presidente teve encontro com
prefeitos e parlamentares fluminenses e com deputados evangélicos, entre os quais o bispo Rodrigues (PFL), um dos principais nomes da Igreja Universal do Reino
de Deus, que foram lhe dar apoio.
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