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INVESTIGAÇÃO
Avaliação do órgão é que será mais provável saber quem informou que há dinheiro de FHC no exterior
Para PF, chance de provar contas é remota
LUCAS FIGUEIREDO
da Sucursal de Brasília
Avaliação interna da Polícia
Federal é que
são remotas as
chances de se
provar se existe
ou não conta
bancária em paraíso fiscal cujos beneficiários sejam o presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador reeleito de São Paulo, Mário Covas, o
ministro José Serra (Saúde) e o ministro Sérgio Motta (Comunicações), morto em abril.
A probabilidade maior é que a
investigação não seja conclusiva
com relação à existência da suposta conta bancária, mas que consiga
identificar os responsáveis pela divulgação dessa informação, que
podem ser enquadrados na Lei de
Segurança Nacional, estando sujeitos a prisão de um a quatro anos.
Anteontem, o diretor da PF, Vicente Chelotti, disse que serão ouvidas todos os envolvidos no caso
-os citados nos papéis, os que tiveram acesso a cópias desses papéis e os que os divulgaram.
São vários os fatos que levam a
PF a acreditarem que é difícil saber
se existe a suposta conta:
1 - O Brasil não tem acordo de
cooperação criminal com os paraísos fiscais do Caribe onde a suposta conta teria sido aberta. Por isso,
restará o caminho mais longo para
pedir informações oficiais;
2 - Esse caminho seria o pedido
de informações por meio de rogatória (solicitação de dados feita por
um juiz ao juiz de outro país). Mesmo que a PF consiga que um juiz
brasileiro faça a rogatória, o juiz
estrangeiro que a receber não é
obrigado a liberar os dados;
3 - Dificilmente qualquer pedido
de informação que seja enviado
para um paraíso fiscal caribenho
terá resposta, já que o sigilo bancário é uma das instituições mais
preservadas pelos órgãos judiciários e administrativos da região;
4 - Dada a dificuldade de obtenção de informações legais nos paraísos fiscais, a PF poderia solicitar
à Justiça Federal que emita rogatórias para outros países perguntando se seus bancos têm registro de
movimentações financeiras com a
suposta conta investigada. Mesmo
que as rogatórias sejam respondidas, que pode levar até mais de um
ano, como acontece geralmente;
5 - Outros mecanismos de investigação que podem revelar provas
(quebra de sigilo telefônico e bancário, escutas legais etc.) dependem de autorização judicial. Na
Justiça Federal, segundo a Folha
apurou, são poucas as chances de
esses métodos serem autorizados.
Isso porque eles são considerados instrumentos que devem ser
usados em casos extremos. Até
agora, a suposição sobre a existência da conta é baseada em papéis
de autenticidade não confirmada.
Assim, são poucas as chances de
um juiz decretar a quebra de sigilo
telefônico de um ministro de Estado, por exemplo, baseado em papéis sem valor legal;
6 - Além das limitações técnicas
da investigação, a PF suspeita que
não existam provas sobre a suposta conta, por raciocínio político.
A Casa Militar -órgão da Presidência da República que mantém
uma briga política com a atual direção da Polícia Federal-, que investigou o caso primeiro, teria
concluído que nada havia de errado e encaminhou o caso para a PF.
Se houvesse alguma possibilidade de se provar algo contra membros do governo, a Casa Militar
não teria sido tão enfática na conclusão do caso sabendo que a PF
também o investigaria.
O delegado Paulo de Tarso Teixeira, responsável pelo inquérito,
começa a ouvir depoimentos no
início da semana que vem. FHC
poderá mandar respostas por escrito. Ministros, governadores e
parlamentares poderão escolher
local e horário do depoimento.
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