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Perito aponta falsificações de assinaturas
da Reportagem Local
O especialista em análise de documentos Celso Ribeiro Del Picchia afirmou ontem que são falsas
as supostas assinaturas do presidente Fernando Henrique Cardoso, do governador de São Paulo,
Mário Covas, e ao menos a rubrica
do ministro Sérgio Motta, que
constam de uma carta usada em
suposta chantagem contra o governo federal.
As três assinaturas estão em cópia de fax enviado ao ministro José
Serra (Saúde) e que afirma que o
ministro das Comunicações, Mendonça de Barros, teria "fracassado" em uma missão da CH, J & T
na Europa e nos EUA.
A carta é uma montagem. O suposto chantagista juntou um texto
de sua autoria, onde cita Mendonça de Barros, com as assinaturas.
Elas seriam um sinal de que o
chantagista possuiria documentos
verdadeiros sobre a suposta empresa dos tucanos.
O problema é que, na análise do
perito, as assinaturas são diferentes das originais de FHC, Covas e
Motta (veja comparação acima). A
quarta assinatura seria de Ray Terrence, apontado como sócio da
empresa, mas não identificado.
Segundo Del Picchia, a assinatura de Fernando Henrique "começa
com ênfase forte" na haste do "f" e
vai diminuindo. Na assinatura do
fax, é o contrário.
Além disso, o traço inferior do
"f" é longo e alcança o "h", na assinatura original, e não na do fax. O
presidente assina "FHCardoso".
O perito também notou que as
arcadas do nome "Cardoso", no
original, são "pronunciadas", enquanto que, na do fax, são quase
uma linha reta.
Quanto à assinatura de Covas,
Del Picchia aponta que a verdadeira é feita em apenas um movimento, enquanto que a do fax do chantagista é dividida em dois.
"No que é possível analisar, as assinaturas do presidente e de Covas
são falsas", diz o perito.
Ainda segundo ele, é difícil analisar a suposta assinatura de Sérgio
Motta, uma vez que ela está muito
manchada na cópia que analisou.
Já a de Ray Terrence é diferente da
que aparece em outros documentos, mas poderia ter sido feita pela
mesma pessoa. Del Picchia ainda
afirmou que a rubrica de Sérgio
Motta, que aparece em um dos documentos do suposto chantagista,
também é falsa.
Apesar de afirmar que as cartas
divulgadas pelo governo são montagens, Del Picchia diz não ter como avaliar a veracidade das informações. "O perito analisa os documentos, que são montagens grosseiras", afirmou. "Mas, se há algum fundo de verdade nas informações, eu não posso dizer."
Mesmo assim, Del Picchia acredita que o fato de terem sido usadas assinaturas falsas indica que o
suposto chantagista não tem documentos verdadeiros.
"Se ele tivesse os documentos,
enviaria para o governo, que não
poderia divulgá-los", afirmou.
"Além disso, se Fernando Henrique ou Covas são mesmo diretores, por que as assinaturas são falsas?", questionou.
Quanto ao documento da Trident que afirma que os diretores
da CH, J & T seriam Sérgio Motta e
Ray Terrence, o perito diz que não
tem elementos para atestar se ele é
verdadeiro. "Mas é muito estranho
que os nomes dos dois estejam batido a máquina e, o texto, em computador", afirmou.
Ainda para o perito Del Picchia,
as cartas enviadas pelo suposto
chantagista foram escritas pela
mesma pessoa. "Os textos também
foram escritos pela mesma pessoa,
como indica cacoetes como os dos
cabeçalhos das cartas.
Em todas elas, o segundo "d" da
frase "D. D Ministro de Estado da
Saúde" não têm o ponto final. Os
cabeçalhos também são idênticos", diz ele.
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