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GRAMPO
Miguel Ethel e José Brafman participaram do processo de compra das duas ex-estatais e teriam sido citados pelo ministro das Comunicações
Citados por ministro estavam na compra da Vale
CHICO SANTOS
ELVIRA LOBATO
da Sucursal do Rio
Da mesma forma que o consórcio comprador da Tele Norte Leste, o que
comprou a Vale
do Rio Doce
também contou
com as participações de Miguel
Ethel e José Brafman. Os dois nomes teriam sido citados pelo ministro Luiz Carlos Mendonça de
Barros (Comunicações) para justificar o termo "rataiada" presente
em uma das suas conversas telefônicas grampeadas no BNDES.
Os dois consórcios foram formados às vésperas dos leilões, por estímulo direto do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), com a justificativa de aumentar a concorrência.
A jornalistas na quarta-feira, em
Brasília, o ministro disse que usou
o termo "rataiada" porque pessoas
que ele pensou que tivessem "morrido" o procuraram para negociar
em nome do consórcio que comprou a telefônica.
Ethel e Brafman participaram
ativamente da formação do consórcio Valepar, que comprou o
controle acionário da Vale em
maio de 97, e Ethel chegou a participar do Conselho de Administração da Valepar após a privatização.
Esses mesmos personagens estiveram presentes nas negociações
que levaram à formação do consórcio Telemar, comprador da Tele Norte Leste, telefônica que atua
em 16 Estados brasileiros.
Ethel e Brafman chegaram ao
consórcio Telemar pelas mãos do
empresário Carlos Jereissati, controlador do grupo La Fonte e irmão do governador do Ceará, Tasso Jereissati (PSDB). Ethel é conselheiro do grupo La Fonte. Brafman
chegou a ser cotado para presidir a
Tele Norte Leste.
Em ambos os casos, os consórcios eram considerados "azarões"
e surpreenderam ao se saírem vitoriosos. O Telemar foi formado dez
dias antes do leilão e arrematou a
estatal com ágio de 1% sobre o preço mínimo. O favorito era o grupo
liderado pelo banco Opportunity.
Na privatização da Vale, Ethel e
Brafman foram conselheiros do
consórcio liderado pela CSN
(Companhia Siderúrgica Nacional). O favorito era o consórcio liderado pelo grupo Votorantim.
O BNDES, então presidido por
Mendonça de Barros, estimulou a
formação do Valepar por temer
que o consórcio do Votorantim
fosse o único a participar do leilão.
O grupo da CSN levou a Vale com
ágio de 10% sobre o preço mínimo.
Brafman possui hoje uma empresa chamada Único Negócios
Corporativos, com sede na zona
sul do Rio. Nas duas vezes em que
foi procurado ontem pela Folha,
sua secretária disse que ele não estava e que não havia ninguém mais
que respondesse pela empresa.
Ethel disse que estava de férias
no interior da França e que retornou ao país "no meio da tempestade". Disse que vai se reunir com
Brafman no final da semana para
decidir que providências tomar em
relação às declarações do ministro.
O empresário confirmou ter participado tanto do processo de privatização da Vale quanto no da Tele Norte Leste. No primeiro caso,
segundo ele, atuou na condição de
conselheiro do grupo Vicunha, do
qual se desvinculou há três meses.
Disse que participou do consórcio
Telemar como vice-presidente do
grupo La Fonte, do qual é sócio.
Além da presença de Ethel e Brafman, os vencedores dos leilões da
Vale e da Tele Norte Leste têm ainda em comum o fato de terem como sócios fundos de pensão liderados pela Previ, a fundação dos
empregados do Banco do Brasil.
Em ambos também o BNDES
tornou-se acionista, por intermédio da sua subsidiária BNDESPar.
As fitas com gravações ilegais de
conversas telefônicas do ministro
Mendonça de Barros e do presidente do BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e
Social), André Lara Resende, foram enviadas ontem pelo Ministério da Justiça à Polícia Federal.
O inquérito sobre esse caso também será aberto na Divisão de
Combate ao Crime Organizado e
Inquéritos Especiais, mesmo setor
da PF que investiga o caso da suposta conta bancária em paraíso
fiscal do Caribe.
˛
Colaborou a Sucursal de Brasília
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