São Paulo, quinta-feira, 14 de dezembro de 2000

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Interpol do Uruguai deixa investigações

DA AGÊNCIA FOLHA,

EM MONTEVIDÉU E BAGÉ

O chefe da Comissão de Assuntos Internacionais da Interpol no Uruguai, Carlos Sosa, disse ontem que a polícia uruguaia deixou de trabalhar no caso Nicolau dos Santos Neto e que, desde a prisão do ex-juiz, não recebeu qualquer solicitação da Polícia Federal.
"Não recebemos nenhum pedido formal, ou mesmo por telefone, para prosseguir nas investigações no Uruguai para tentar descobrir por onde ele passou e quem foram as pessoas que estiveram com ele", disse Sosa, que negou que a PF tenha solicitado que a Interpol uruguaia ouvisse o advogado Raul Julio Cervini Sanchez.
Segundo Sosa, qualquer pedido seria prontamente atendido, "como aconteceu em agosto passado". Sosa disse que, na época, a PF solicitou à Interpol que checasse informações de que Nicolau estaria no Uruguai. A PF teria rastreado ligações do ex-juiz da localidade.
Sosa disse acreditar que Nicolau ingressou no Uruguai por Punta del Este. Segundo ele, o ex- juiz não esteve sozinho em Punta del Este e utilizou nome falso para ficar no edifício Uruguai.

Febre aftosa
O ingresso de Nicolau no Brasil pode ter sido retardado pela presença de barreiras sanitárias em Aceguá (RS), devido ao registro de febre aftosa no Uruguai.
As barreiras, que contavam com o apoio da Polícia Rodoviária Federal e da Brigada Militar (a PM gaúcha), foram desmontadas no último dia 2. Nicolau, segundo testemunhas, veio de carro do Uruguai e entrou no Brasil por Aceguá.
Durante o período em que as barreiras estiveram montadas, desde 3 de novembro passado, os carros eram obrigados a parar e as autoridades perguntavam aos motoristas se eles transportavam algum tipo de produto animal, além de revistarem o porta-malas.
Conforme o jornal "Novo Alento", de Aceguá, a população local estava descontente com as barreiras, pois eventualmente eram apreendidos alimentos dos moradores.
O Uruguai ainda mantém barreira sanitária no limite com Aceguá, revistando os veículos que ingressam na rodovia 8, que leva a Montevidéu, a 460 km da fronteira. Isso porque também houve registro de aftosa na região noroeste do Rio Grande do Sul.
Os carros que saem do Uruguai, em direção ao Brasil, não precisam passar pela barreira sanitária.
Proprietários rurais da região de Bagé acreditam que as barreiras sanitárias devem ter adiado a entrada de Nicolau no Brasil, lembrando que há algum tempo era cogitada a hipótese de o ex-juiz se entregar.
A procuradora da República em Bagé, Ana Paula Medeiros, disse que o Ministério Público local não foi acionado para entrar no caso. A cônsul do Uruguai na cidade, Teresa Morotó, disse não ter recebido nenhuma confirmação oficial de que o ex-juiz passou pelo território uruguaio.


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