São Paulo, terça-feira, 14 de dezembro de 2004

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REVOLTA NA BASE

Presidente promete ministério com mais verbas para o partido

Lula tenta estreitar relação com governistas do PMDB

KENNEDY ALENCAR
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem aos governistas do PMDB, durante reunião no Palácio do Planalto, que dará um ministério com mais verbas ao grupo, mas somente depois das festas de final de ano. Com isso, a reforma ministerial ficará definitivamente para o próximo ano.
A reforma ministerial virá "somente depois das festas de final de ano", afirmou Lula, segundo relatou à Folha um assessor do presidente que participou da reunião. No encontro, que terminou pouco antes das 22h, Lula agradeceu o apoio do grupo e disse que deve fortalecê-lo dentro do governo.
"Agora sei com quem eu posso contar", afirmou Lula ao grupo de governistas do PMDB. Participaram da reunião o presidente do Senado, José Sarney (AP), os líderes do partido, Renan Calheiros (Senado) e José Borba (Câmara), além dos ministros Amir Lando (Previdência Social) e Eunício Oliveira (Comunicações).
Após a reunião, Renan Calheiros (AL) disse que Lula agradeceu a lealdade dos governistas do PMDB e declarou que essa relação com o governo "será aprimorada". Lula teria dito, segundo ele, que considerava dois ministérios pouco para o partido. A Folha apurou porém que a tendência de Lula não é dar mais um ministério para o PMDB, mas trocar um dos dois que o partido comanda (Comunicações e Previdência) por outro com mais verbas.
Renan negou que os atuais ministros indicados pelo partido irão deixar o cargo. "Os ministros são conseqüência das vontades da bancada", disse o líder do PMDB no Senado. Ele também negou que Lando pense em deixar o partido para continuar ministro. "Se tivesse dito isso, seria o primeiro a enfraquecer o partido", afirmou.
Lula teria dito que os ministros ficam porque "são conseqüência de um processo de relacionamento com as bancadas" na Câmara e no Senado. Apesar de afirmar que gostaria de contar com o apoio do PMDB em 2006, Lula deixou claro que vai respeitar as decisões da convenção do PMDB. Um dos motivos para o rompimento com o governo é a intenção de lançar candidato próprio à Presidência.
Segundo Lula, o governo terá boas notícias em 2005, mas ele não será um ano para tratar de reeleição. Sua estratégia de curto prazo é fortalecer os governistas do PMDB, mas a médio e longo prazo pretende retomar o diálogo com a ala oposicionista, especialmente com o governador do Paraná, Roberto Requião, e Orestes Quércia, ex-governador paulista.
Institucionalmente, as articulações com a ala oposicionista do PMDB serão feitas pelo presidente do PT, José Genoino, que nos próximos dias deverá ter uma reunião com a bancada do partido na Câmara. O governo avalia que o apoio ao governo dos peemedebistas na Câmara é menor que no Senado. Genoino também deverá procurar o deputado Michel Temer (SP), presidente do PMDB, da ala oposicionista.


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