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REVOLTA NA BASE
Presidente promete ministério com mais verbas para o partido
Lula tenta estreitar relação com governistas do PMDB
KENNEDY ALENCAR
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva disse ontem aos governistas
do PMDB, durante reunião no
Palácio do Planalto, que dará um
ministério com mais verbas ao
grupo, mas somente depois das
festas de final de ano. Com isso, a
reforma ministerial ficará definitivamente para o próximo ano.
A reforma ministerial virá "somente depois das festas de final de
ano", afirmou Lula, segundo relatou à Folha um assessor do presidente que participou da reunião.
No encontro, que terminou pouco antes das 22h, Lula agradeceu o
apoio do grupo e disse que deve
fortalecê-lo dentro do governo.
"Agora sei com quem eu posso
contar", afirmou Lula ao grupo de
governistas do PMDB. Participaram da reunião o presidente do
Senado, José Sarney (AP), os líderes do partido, Renan Calheiros
(Senado) e José Borba (Câmara),
além dos ministros Amir Lando
(Previdência Social) e Eunício
Oliveira (Comunicações).
Após a reunião, Renan Calheiros (AL) disse que Lula agradeceu
a lealdade dos governistas do
PMDB e declarou que essa relação
com o governo "será aprimorada". Lula teria dito, segundo ele,
que considerava dois ministérios
pouco para o partido. A Folha
apurou porém que a tendência de
Lula não é dar mais um ministério
para o PMDB, mas trocar um dos
dois que o partido comanda (Comunicações e Previdência) por
outro com mais verbas.
Renan negou que os atuais ministros indicados pelo partido
irão deixar o cargo. "Os ministros
são conseqüência das vontades da
bancada", disse o líder do PMDB
no Senado. Ele também negou
que Lando pense em deixar o partido para continuar ministro. "Se
tivesse dito isso, seria o primeiro a
enfraquecer o partido", afirmou.
Lula teria dito que os ministros
ficam porque "são conseqüência
de um processo de relacionamento com as bancadas" na Câmara e
no Senado. Apesar de afirmar que
gostaria de contar com o apoio do
PMDB em 2006, Lula deixou claro
que vai respeitar as decisões da
convenção do PMDB. Um dos
motivos para o rompimento com
o governo é a intenção de lançar
candidato próprio à Presidência.
Segundo Lula, o governo terá
boas notícias em 2005, mas ele
não será um ano para tratar de
reeleição. Sua estratégia de curto
prazo é fortalecer os governistas
do PMDB, mas a médio e longo
prazo pretende retomar o diálogo
com a ala oposicionista, especialmente com o governador do Paraná, Roberto Requião, e Orestes
Quércia, ex-governador paulista.
Institucionalmente, as articulações com a ala oposicionista do
PMDB serão feitas pelo presidente do PT, José Genoino, que nos
próximos dias deverá ter uma
reunião com a bancada do partido na Câmara. O governo avalia
que o apoio ao governo dos peemedebistas na Câmara é menor
que no Senado. Genoino também
deverá procurar o deputado Michel Temer (SP), presidente do
PMDB, da ala oposicionista.
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