São Paulo, terça-feira, 14 de dezembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SERMÃO

Menino diz que Lula precisa sair às ruas para ver a realidade do país

Garoto de 11 anos cobra presidente

EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em evento sobre erradicação do trabalho infantil ontem no Palácio do Planalto, Cosme de Oliveira Júnior, 11, fez um discurso lido com uma série de cobranças ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Pediu a ele mais fiscalização no programa Bolsa-Família e que saia às ruas para ver a realidade do país.
Após ler o discurso cuja autoria foi atribuída pelos organizadores do evento a crianças e adolescentes recém-beneficiados pelo Peti (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil), o menino de Conceição do Coité (BA) foi aplaudido de pé pelas cerca de 300 pessoas presentes ao evento. Oliveira Júnior trabalhou dos cinco aos nove anos em plantações de sisal.
"Eu queria que o senhor voltasse às ruas para ver a realidade de hoje. A situação é precária", disse o menino.
O garoto pediu também no seu discurso melhorias nos programas do governo: "É preciso fiscalizar mais o Bolsa-Família, uma maior fiscalização no trabalho infantil, além de mais recursos [para o programa] e mais empregos para os adultos".
"O senhor se lembra de quando era pequeno? E como o senhor se sentia quando era uma criança pobre e trabalhadora? Eu tenho certeza de que não gostava. Deve saber como é passar fome", declarou o menino durante o evento.
Ao falar, Lula lembrou de sua infância e afirmou que foi "gostosa" a pressão que recebeu ontem. "Se toda a sociedade brasileira quiser pressionar o governo da forma gostosa com que vocês estão pressionando e, sobretudo, as crianças, eu penso que a gente pode consertar o Brasil muito mais rápido do que os prognósticos determinam."
Filho de trabalhadores rurais, Oliveira Júnior passou por uma experiência trágica na família, quando seu avô teve um dos braços mutilados por uma máquina usada na retirada dos sisais. Segundo a organização não-governamental MOC (Movimento de Organização Comunitária), aproximadamente 75 mil crianças trabalhavam em plantações de sisal na Bahia no início deste ano.


Texto Anterior: PSDB realiza encontro com prefeitos eleitos
Próximo Texto: Previdência: PF prende 6 acusados de fraudar INSS
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.