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SERMÃO
Menino diz que Lula precisa sair às ruas para ver a realidade do país
Garoto de 11 anos cobra presidente
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em evento sobre erradicação
do trabalho infantil ontem no
Palácio do Planalto, Cosme de
Oliveira Júnior, 11, fez um discurso lido com uma série de cobranças ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Pediu a ele mais fiscalização no programa
Bolsa-Família e que saia às ruas
para ver a realidade do país.
Após ler o discurso cuja autoria foi atribuída pelos organizadores do evento a crianças e
adolescentes recém-beneficiados pelo Peti (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil),
o menino de Conceição do Coité (BA) foi aplaudido de pé pelas
cerca de 300 pessoas presentes
ao evento. Oliveira Júnior trabalhou dos cinco aos nove anos
em plantações de sisal.
"Eu queria que o senhor voltasse às ruas para ver a realidade
de hoje. A situação é precária",
disse o menino.
O garoto pediu também no
seu discurso melhorias nos programas do governo: "É preciso
fiscalizar mais o Bolsa-Família,
uma maior fiscalização no trabalho infantil, além de mais recursos [para o programa] e mais
empregos para os adultos".
"O senhor se lembra de quando era pequeno? E como o senhor se sentia quando era uma
criança pobre e trabalhadora?
Eu tenho certeza de que não
gostava. Deve saber como é passar fome", declarou o menino
durante o evento.
Ao falar, Lula lembrou de sua
infância e afirmou que foi "gostosa" a pressão que recebeu ontem. "Se toda a sociedade brasileira quiser pressionar o governo da forma gostosa com que
vocês estão pressionando e, sobretudo, as crianças, eu penso
que a gente pode consertar o
Brasil muito mais rápido do que
os prognósticos determinam."
Filho de trabalhadores rurais,
Oliveira Júnior passou por uma
experiência trágica na família,
quando seu avô teve um dos
braços mutilados por uma máquina usada na retirada dos sisais. Segundo a organização
não-governamental MOC (Movimento de Organização Comunitária), aproximadamente 75
mil crianças trabalhavam em
plantações de sisal na Bahia no
início deste ano.
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