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TODA MÍDIA
Sem festa
NELSON DE SÁ
O Bom Dia Brasil abriu a semana saudando os dez
anos do Mercosul, que tem encontro em Ouro Preto. Mas para
a Globo é um "aniversário sem
festa", por conta das pressões
protecionistas.
Na cobertura do Globo Online, entre outros, o diretor da
Fiesp Roberto Giannetti da Fonseca voltou à carga:
- Desde 2001, o Brasil está
impedido de negociar separadamente acordo de livre comércio
com outros países que não Argentina, Paraguai e Uruguai...
Isso imobiliza o país.
Do lado oposto, o sociólogo
Hélio Jaguaribe deu longa entrevista ao argentino "Clarín":
- O Mercosul é indispensável. É nosso passaporte para a
história... Se não, perderemos
nossa nacionalidade. Seremos
totalmente comandados por
Washington.
À distância, Washington observa e se move.
Segundo o "Miami Herald" de
ontem, o representante comercial dos EUA, Robert Zoellick,
enviou carta ao chanceler Celso
Amorim com propostas para as
negociações da Alca.
A carta teria sido "bem recebida" pelo Brasil -e, segundo o
negociador americano para a
Alca, Ross Wilson, "as Américas
seguem como foco entusiasmado da liberalização comercial"
dos Estados Unidos.
A INVASÃO LATINA
Canais, rádios e sites de notícias, no meio do dia, iniciaram a torcida patriótica em torno da indicação para o
Globo de Ouro de "Diários de Motocicleta", o filme de
Walter Salles sobre o jovem Che Guevara. Mas logo o cineasta, de Los Angeles, distribuía nota:
- É uma honra representar o Brasil pela terceira vez
seguida no Globo de Ouro, mas desta vez o filme também representa a Argentina, o Chile e o Peru. É a essência
de "Diários" -a de ser um filme latino-americano.
A indicação coincide com texto de Sean Smith, da
"Newsweek", reproduzido no mexicano "El Universal",
sobre a "invasão latina" de Hollywood. Em sua avaliação, há "cinco visionários prontos para ser" o que foram,
nos anos 70, Spielberg, Scorsese, Coppola e outros. São
eles: os mexicanos Alfonso Cuarón, Guillermo del Toro e
Alejandro González Iñarritu e os brasileiros Fernando
Meirelles e Walter Salles, que declarou:
- Até os anos 80 vivíamos sob ditadura, censura. Se
você não pode expressar sua voz por 25 anos e recobra
essa possibilidade, há uma paixão em fazê-lo. Esta geração de diretores e atores floresceu por isso.
Por nada
Dos comentaristas da Globo
aos blogueiros, ontem sobrou
descrédito quanto à inusitada
decisão dos peemedebistas de
entregar os cargos. Do blog de
Marcelo Tas, no UOL:
- O maior congestionamento
de gente limpando gavetas que
já se viu! Uma decisão histórica,
não fosse uma piada.
Alexandre Garcia ironizou, ele
também, na Globo:
- Muito barulho por nada.
Manipulação
Duas semanas atrás, o "Los
Angeles Times" deu destaque
aos esforços de "manipulação de
informação" feitos pelo governo
americano, citando o exemplo
de um falso anúncio de batalha
no Iraque, feito à CNN.
Ontem foi a vez do "New York
Times", com uma reportagem
de manchete em que descreve o
"debate" sobre a manipulação
da "opinião no exterior" que
vem rachando o Pentágono.
FOLHETINS NA REDE
Diante de uma "revolução parada, o que deve fazer um
líder rebelde com tempo livre?", perguntou o "New York
Times", para dar em seguida a resposta que, para o jornal, deve ter ocorrido ao subcomandante Marcos, líder
zapatista: "Escrever um romance policial".
É o que Marcos faz desde o último dia 5, no diário mexicano "La Jornada". Ele publicou o primeiro capítulo e
Paco Ignacio Taibo, autor de romances policiais, publicou o segundo, anteontem. Farão assim pelas próximas
semanas, até fechar "Mortos Incômodos", cujos protagonistas são um zapatista e um detetive.
No Brasil, para comemorar dois anos do Portal Literal,
José Rubem Fonseca, recluso autor de livros policiais,
pôs no ar no fim de semana o primeiro de cinco capítulos
de "José", de caráter autobiográfico. Na estréia, "um menino aprende a ler sozinho e passa a viver num mundo paralelo, povoado pelos folhetins franceses".
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