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CAMPO MINADO
Polícia pede prisão temporária de funcionária, que nega a acusação
Chefe do Incra é suspeita de dar armas para sem-terra
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMP0 GRANDE
A Polícia Civil do Pará pediu a
prisão temporária (por cinco
dias) da chefe da unidade do Incra
(Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) de Tucuruí (PA), Soraya Ferraz de Lana.
Segundo o delegado de Marabá
Edvaldo Machado dos Santos, Lana é suspeita de armar os sem-terra acusados de ter matado, há
uma semana, o delegado da Polícia Civil Aldo Gomes de Castro,
48, conhecido como Robocop.
A prisão de Lana foi pedida no
sábado passado no fórum de Itupiranga (45 km de Marabá). Ontem, o juiz Raimundo Rodrigues
Santana pediu parecer do Ministério Público Estadual.
Robocop morreu com um tiro
no peito no acampamento montado pelos sem-terra em uma fazenda invadida, na divisa de Itupiranga com Novo Repartimento.
Na versão da polícia, o delegado
foi ao local com mais quatro policiais que saíram feridos após receber queixa de invasão da fazenda.
Robocop era acusado por líderes
de sem-terra de incendiar barracos em acampamentos.
Na sexta-feira passada, foram
presos sete sem-terra suspeitos de
participar do crime.
Em depoimento à Polícia Civil,
um deles disse, segundo Santos,
que o grupo recebeu armas da
chefe do Incra para defender o
acampamento.
O Sindicato dos Trabalhadores
Rurais de Novo Repartimento informou que aproximadamente 80
sem-terra invadiram a fazenda há
pouco mais de um mês.
Outro lado
Lana, que nega as acusações, entrou na Justiça com um pedido de
habeas corpus preventivo. Essa
ação visa impedir que uma pessoa
seja presa injustamente.
"Eles [os sem-terra] se revoltaram comigo porque os tirei de lá
[da fazenda invadida]. Aí disseram que eu comprei munição e
incentivei [uma reação armada].
Estão me jogando em uma situação complicada, porque este foi
um assassinato que abalou o Pará", afirmou Lana.
A chefe do Incra disse que há
três meses retirou cerca de 40
sem-terra da fazenda invadida
pois a propriedade tem apenas
800 hectares, sendo inútil à reforma agrária. Uma área de assentamento no sul do Pará deve ter no
mínimo mil hectares.
Assentados em Tucuruí, os
sem-terra deixaram as terras alegando, segundo Lana, que gostariam de ficar perto de Novo Repartimento e Marabá.
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