São Paulo, terça-feira, 14 de dezembro de 2004

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CAMPO MINADO

Polícia pede prisão temporária de funcionária, que nega a acusação

Chefe do Incra é suspeita de dar armas para sem-terra

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMP0 GRANDE

A Polícia Civil do Pará pediu a prisão temporária (por cinco dias) da chefe da unidade do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) de Tucuruí (PA), Soraya Ferraz de Lana.
Segundo o delegado de Marabá Edvaldo Machado dos Santos, Lana é suspeita de armar os sem-terra acusados de ter matado, há uma semana, o delegado da Polícia Civil Aldo Gomes de Castro, 48, conhecido como Robocop.
A prisão de Lana foi pedida no sábado passado no fórum de Itupiranga (45 km de Marabá). Ontem, o juiz Raimundo Rodrigues Santana pediu parecer do Ministério Público Estadual.
Robocop morreu com um tiro no peito no acampamento montado pelos sem-terra em uma fazenda invadida, na divisa de Itupiranga com Novo Repartimento.
Na versão da polícia, o delegado foi ao local com mais quatro policiais que saíram feridos após receber queixa de invasão da fazenda. Robocop era acusado por líderes de sem-terra de incendiar barracos em acampamentos.
Na sexta-feira passada, foram presos sete sem-terra suspeitos de participar do crime.
Em depoimento à Polícia Civil, um deles disse, segundo Santos, que o grupo recebeu armas da chefe do Incra para defender o acampamento.
O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Novo Repartimento informou que aproximadamente 80 sem-terra invadiram a fazenda há pouco mais de um mês.

Outro lado
Lana, que nega as acusações, entrou na Justiça com um pedido de habeas corpus preventivo. Essa ação visa impedir que uma pessoa seja presa injustamente.
"Eles [os sem-terra] se revoltaram comigo porque os tirei de lá [da fazenda invadida]. Aí disseram que eu comprei munição e incentivei [uma reação armada]. Estão me jogando em uma situação complicada, porque este foi um assassinato que abalou o Pará", afirmou Lana.
A chefe do Incra disse que há três meses retirou cerca de 40 sem-terra da fazenda invadida pois a propriedade tem apenas 800 hectares, sendo inútil à reforma agrária. Uma área de assentamento no sul do Pará deve ter no mínimo mil hectares.
Assentados em Tucuruí, os sem-terra deixaram as terras alegando, segundo Lana, que gostariam de ficar perto de Novo Repartimento e Marabá.


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