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JUDICIÁRIO
Nelson Jobim divulga estudo que mostra que, de 6 milhões de processos, apenas 1,2 milhão foram decididos em 2003
Justiça Federal só soluciona 20% das ações
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Justiça Federal tinha um estoque de 6 milhões de processos para julgar no país em 2003 e só solucionou 1,2 milhão desses casos
(20%), segundo estudo divulgado
ontem pelo presidente do STF
(Supremo Tribunal Federal), ministro Nelson Jobim.
Jobim disse que os juízes federais irão demorar 20 anos para
acabar com seu estoque de ações
se a estrutura dessa Justiça e o fluxo de processos se mantiverem.
A Justiça Federal está dividida
em cinco regiões administrativas:
o maior "congestionamento" é na
3ª Região, que engloba São Paulo
e Mato Grosso do Sul. No ano
passado, os juízes da 3ª Região só
decidiram 11,23% dos processos
existentes, contra a média nacional de 18,63%, também baixa.
O mesmo levantamento está
sendo realizado nas justiças trabalhista e comum e será concluído em fevereiro. Jobim evitou fazer análises, dizendo que isso
ocorrerá quando tiver dados de
todos os segmentos do Judiciário.
Essas informações poderão ser
utilizadas pelo CNJ (Conselho
Nacional de Justiça), o órgão de
controle externo. Ele será instalado dentro de 180 dias a contar do
último dia 8, quando a reforma do
Judiciário foi promulgada.
A Justiça Federal custa R$ 15,34
por cidadão por ano. Esse valor
corresponde à relação entre as
despesas globais desse segmento
do Judiciário e o número de habitantes. Não há dados comparativos com outras áreas e países.
Já a assistência judiciária gratuita por meio de defensorias públicas revelou-se praticamente inexistente: os gastos públicos com
defensores foram estimados em
R$ 0,15 anual por habitante.
Jobim defendeu a reforma processual, um pacote de 14 projetos
de lei elaborados para simplificar
o sistema de recursos e tornar o
processo mais rápido. Metade
dessas propostas será entregue
amanhã ao Congresso. A outra
parte já está tramitando. O ministro aposta na aprovação ainda no
primeiro semestre de 2005.
Ele disse que a lentidão do Judiciário e a falta de uniformidade
das decisões provocam insegurança jurídica e desestimulam investimentos de longo prazo. Essa
insegurança também decorre de
repetidas mudanças na lei, como
os planos econômicos, "que criaram uma verdadeira balbúrdia".
Ele afirmou que, de modo geral,
os projetos fortalecem as decisões
da primeira instância, particularmente da Justiça comum. Alguns
deles irão desestimular o advogado a recorrer em causas em que a
vitória será improvável.
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