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Lei do Esporte é aprovada no Senado
Projeto de incentivo fiscal à área segue para votação na Câmara; se passar, será encaminhado para sanção presidencial
Protestos agora vêem das empresas de vale-refeição, que dizem temer que o
programa de alimentação do trabalhador seja afetado
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após muita briga entre artistas e atletas, o Senado aprovou
ontem projeto de lei que permite a empresas deduzirem até
4% do Imposto de Renda para
patrocínio ou doação a projetos
esportivos e paraesportivos.
A chamada Lei do Esporte
voltou para a Câmara, onde deve ser votada hoje ainda sob polêmica. Se aprovada, será encaminhada à sanção presidencial.
As empresas continuarão podendo abater outros 4% do IR
para investir em projetos culturais. A proposta original colocava as áreas na mesma faixa de
isenção fiscal, ou seja, disputariam os mesmos recursos. Isso
motivou um lobby contrário da
classe artística ao projeto.
A solução foi enquadrar o esporte no dispositivo que permite às empresas abater até 4% do
IR se destinarem recursos ao
programa de alimentação do
trabalhador -basicamente a
concessão de vale-alimentação.
Esse dispositivo também englobava o fomento a pesquisa e
desenvolvimento tecnológico,
industrial e agropecuário, mas
a líder do PT, senadora Ideli
Salvatti (SC), afirmou que esse
trecho foi revogado e substituído por uma lei específica.
Assim, o esporte não vai disputar recursos com ciência e
tecnologia. Agora, a resistência
vem de outra parte. O presidente da Assert (Associação das
Empresas de Refeição e Alimentação Convênio para o
Trabalhador), Artur Renato de
Almeida, afirmou que a mudança prejudicará o programa
de alimentação do trabalhador.
Segundo ele, as empresas vão
preferir patrocinar o esporte,
pela visibilidade. "Se o dinheiro
for dividido com o esporte, o
programa pode acabar. A concessão de tíquete, cesta básica e
refeições em indústrias e hospitais é voluntária e beneficia
10 milhões de trabalhadores."
As pessoas físicas também
poderão descontar 6% do IR
para investir em esporte.
O Planalto incluiu no texto a
exigência de aprovação de decreto legislativo anual que especifique percentuais de investimento nos projetos esportivos, como ocorre na cultura. A
determinação foi da ministra
Dilma Rousseff (Casa Civil).
Dessa forma, projetos esportivos de mais visibilidade e com
rentabilidade maior devem ter
percentual de dedução menor.
"É óbvio que as empresas têm
como objetivo não só incentivar o esporte mas também tirar
benefícios, como ter visibilidade. O esporte de alto rendimento seria preferido. Essa medida
vai estimular que escolinhas de
base tenham benefícios maiores", disse Ideli. Ela explicou
que, para a cultura, os incentivos variam de 30% a 100%.
Os atletas reclamaram do fato de o projeto de lei ter que
voltar para a Câmara. A preocupação é aprovar a matéria neste
ano. "O acordo não está sendo
mantido", disse o ex-jogador de
vôlei Bernard à líder do PT.
Anteontem ficou acertado
que os senadores fariam as mudanças por meio de emendas de
redação. Isso permitiria que o
projeto, depois de aprovado, seguisse para sanção presidencial. "É para não ter risco. Já
ouvi que isso não é emenda de
redação, e poderia ser contestado judicialmente", disse Ideli.
A atriz Fernanda Montenegro, presente no Senado, justificou a mobilização da classe
artística. "Cultura é atendimento social, não é frescura."
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