São Paulo, sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

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Estratégia de Lula será culpar a oposição

Reservadamente, o presidente considera que parte do PSDB embarcou na opção do "quanto pior melhor"

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar do discurso oficial de que recebeu com serenidade a derrota de ontem de madrugada no Senado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu com contrariedade nos bastidores. Auxiliares o aconselharam a demonstrar tranqüilidade para evitar dano à economia.
Reservadamente, Lula considerou que parte do PSDB embarcou numa atitude oposicionista de "quanto pior melhor". Ele pretende colar nos oposicionistas tucanos e democratas o carimbo de responsáveis pela fragilização do SUS (Sistema Único de Saúde).
Segundo auxiliares, Lula jogou a toalha no final da tarde de anteontem, quando autorizou os operadores políticos a votar a emenda constitucional que prorrogava o chamado imposto do cheque até 2011 ciente do alto risco de derrota. A carta-compromisso apresentada de última hora já era um gesto para tentar marcar politicamente a oposição como radical e intransigente.
Ou seja, Lula fez questão de demonstrar disposição de negociação até o último minuto para, com o previsível fracasso do governo, jogar a responsabilidade maior nas costas da oposição, sobretudo do PSDB, partido com o qual chegou a amarrar um acordo que depois foi bombardeado.
Para Lula, o PSDB terá dano político no médio e longo prazos maior do que o governo. O presidente, por exemplo, descartou, por ora, apresentar uma proposta de ressurreição da CPMF, idéia já aventada por tucanos. Segundo um ministro, Lula não vai dramatizar a perda de R$ 40 bilhões para não gerar "marola" na economia, mas dirá publicamente que o DEM e o PSDB recusaram uma proposta concreta de elevação de recursos para a saúde.
Para Lula, os governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG) tiveram "atuação positiva", segundo um auxiliar direto. O presidente também elogiou a ação do presidente do PSDB, o senador Sérgio Guerra (PE), que se empenhou para tentar costurar um acordo.


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