São Paulo, sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

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PSDB rompeu acordos, dizem governistas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Passada a derrota no Senado, líderes aliados ao presidente Lula afirmaram que a cúpula do PSDB rompeu em duas ocasiões acordos fechados com o governo para prorrogar a CPMF. Responsabilizaram o líder tucano Arthur Virgílio (AM) pelo fracasso das negociações.
O primeiro acordo havia sido fechado em torno da proposta do governador José Serra (PSDB-SP) de destinar toda a CPMF à saúde. O ministro Guido Mantega (Fazenda) considerou a idéia difícil de ser praticada, mas acabou dando aval para que se tentasse fechar o acordo.
Aceita a proposta por líderes tucanos, ela foi discutida com a bancada na noite de terça no gabinete do senador Sérgio Guerra (PE). Virgílio então decidiu romper o acordo sob a ameaça de renunciar à liderança. Para não provocar um racha, Guerra disse ao governo que a idéia fora recusada.
Na madrugada de quarta, o ex-ministro da Fazenda e deputado pelo PT-SP Antonio Palocci e o governador Eduardo Campos (PSB-PE) foram à casa de Guerra. Lá estavam Virgílio e o senador Cícero Lucena (PSDB-PB).
Palocci e Campos fizeram a nova investida, desta vez prometendo que a CPMF seria prorrogada só por mais um ano, quando seria discutida uma reforma tributária. Os tucanos concordaram.
Pela manhã, Virgílio rompeu o novo acordo. Disse que havia refletido e avaliava que seria ruim para o partido. Naquele momento, sem saber do novo posicionamento do tucano, Palocci e Campos avisavam Lula da nova proposta. O petista topou.
Ao meio-dia de quarta, Lula soube que mais uma vez o PSDB desistira de um acordo por articulação de Virgílio.
Palocci decidiu então procurar o ex-presidente Fernando Henrique, que até o dia anterior trabalhava para que o governo fosse derrotado. Informado que FHC havia gostado da última proposta, Palocci ligou para ele.
Ao ex-ministro da Fazenda FHC disse que topava a idéia, mas que Virgílio estava irredutível. Palocci então disse que estavam sendo ultimadas duas cartas formalizando a proposta.
Os textos, porém, chegaram tarde ao plenário do Senado. Os tucanos alegaram que não havia tempo para mudar a posição do partido.
A líder do PT na Casa, Ideli Salvatti (SC), acusou FHC de ser o "mentor invisível" de Virgílio. "Não foi [negociado] aos 45 minutos do segundo tempo, estava tudo acertado." Ideli disse ainda que Lula ligou para ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP) e pediu que desse um recado a Pedro Simon (PMDB-RS), que bateu boca com Virgílio após propor o adiamento da votação. "Lula pediu que fosse transmitido todo o carinho que tem por ele." (VALDO CRUZ E SILVIO NAVARRO)


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