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Pimentel participou de 3 tentativas frustradas de seqüestro
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O prefeito de Belo Horizonte,
Fernando Pimentel (PT), é
protagonista de uma ação frustrada que tem tudo para estar
no livro do brigadeiro da reserva José Carlos Pereira. Pimentel detalhou à Folha como o
grupo que tentava seqüestrar o
então cônsul norte-americano
Curtis Cutter, em Porto Alegre,
foi confundido com jovens
querendo apostar um pega. Foram pelo menos três tentativas
(sem sucesso) no dia 4 de abril
de 1970, um sábado.
Segundo o próprio prefeito,
que acabou preso uma semana
depois da tentativa de seqüestro, é a primeira vez que ele
conta detalhes da ação. Clandestino, Pimentel militava na
VPR (Vanguarda Popular Revolucionária) quando o grupo
decidiu levantar recursos e soltar 50 presos que seriam levados para a Argélia.
"As ações urbanas eram apenas para dar sustentação à coluna móvel estratégica, uma
coluna de guerrilheiros que se
deslocaria pelo interior", afirma. Depois de seguir por um
mês o cônsul e colecionar detalhes do dia-a-dia do americano,
decidiu seqüestrá-lo num sábado, dia em que ele não tinha seguranças, mas também não tinha rotina.
"Eu fiquei íntimo do cara.
Ele tinha quatro filhos, dois
eram gêmeos e de colo. Eu segui ele por um mês, tomava
sorvete com ele...", recorda Pimentel, que mandou abortar a
primeira tentativa do seqüestro porque achou ter visto uma
criança no carro que o cônsul
dirigia. "Não tinha menino, era
uma cadeirinha de criança. Eu,
naquela afobação, achei que
uma criança estava no carro.
Saímos desesperados, emparelhamos com o carro dele e ele
achou que queríamos bater um
pega. Queríamos era seqüestrar", conta o hoje prefeito.
Munidos de revólveres e granadas, o grupo não desistiu. Na
noite do dia seguinte, tentaram
outra vez. "Aí, deu errado", recorda ele, que desceu do Fusca
com outros dois militantes
com armas em punho. Assustado, o cônsul acelerou, atropelou um dos seqüestradores e
fugiu em meio a um tiroteio.
Mesmo ferido, o americano
escapou, e o aparelho de repressão se instalou em Porto
Alegre para caçar os terroristas. "Montaram um centro de
interrogatório e de tortura. Em
uma semana prenderam mais
de 200 pessoas, prenderam a
esquerda toda no Rio Grande
do Sul." Entre eles, Pimentel,
condenado a mais de 14 anos
de prisão.
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