São Paulo, segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

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Crise atinge Ministério Público do DF

Depoimento liga procurador-geral e promotora a acusados no panetonegate

Ambos foram citados em depoimento por Durval Barbosa, o delator do esquema, que afirmou que Arruda prestava favores

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depoimento que liga o procurador-geral de Justiça do Distrito Federal, Leonardo Bandarra, e uma promotora, Deborah Guerner, a acusados de envolvimento no mensalão do DEM causou uma crise no Ministério Público de Brasília.
Responsável pelas acusações de que o governador José Roberto Arruda (ex-DEM) mantinha um esquema de distribuição de propina a aliados, Durval Barbosa disse em depoimento à Polícia Federal que o governador teria, em 2007, prestado favores ao procurador e à promotora, entre eles debelar acusações de corrupção que circulariam contra os dois na internet.
Reportagem da revista "Época" desta semana traz conteúdo de troca de e-mails na rede interna do Ministério Público do Distrito Federal ocorrida logo após o estouro do escândalo, no final de novembro.
Em um deles, relata a revista, Bandarra divulgou na intranet uma nota em que desqualifica as acusações, afirmando que elas se devem a seu "empenho pessoal" em investigações que tornaram Barbosa réu.
Na mesma nota, Bandarra diz que a promotora Deborah Guerner e seu marido, Jorge Guerner, não têm nem tiveram autorização para tratar de nenhum assunto em seu nome.
Uma das acusações de Barbosa dá conta de que um sócio do marido da promotora não teve cobrada dívida com o BRB (Banco de Brasília) após chantagear Arruda com o vídeo em que o governador aparece recebendo um maço de notas. Esse vídeo teria sido repassado ao chantagista pela promotora.
Ainda de acordo com a revista, Deborah respondeu a Bandarra em tom de ameaça, no dia seguinte, também por meio de e-mail na intranet do órgão.
"Vai me deixar sozinha na banguela? Dessa vez, não vou ficar calada aguentando tudo como improba para não macular sua honrada pessoa."
A troca de e-mails teria levado um outro promotor, Jairo Bisol -que é de ala que se opõe internamente a Bandarra-, a pedir investigação interna.
À revista a promotora negou as acusações de envolvimento com os citados no esquema. Bandarra não se pronunciou.
A assessoria do Ministério Público, em manifestação anterior à publicação da reportagem, havia dito que se trata de uma tentativa de Barbosa de desmoralizar quem o investiga.


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