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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Presidente planeja anunciar candidatura somente após definição do nome tucano
Lula espera PSDB decidir e vê Alckmin como imprevisível
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva considera uma eventual disputa eleitoral contra o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), "mais imprevisível e
arriscada" do que contra o também tucano José Serra, prefeito de
São Paulo, segundo ele próprio
disse em conversas reservadas.
Lula planeja anunciar que disputará a reeleição apenas depois
de o PSDB tomar a decisão final
entre Alckmin e Serra. E faz estudos em busca de um mote eleitoral para convencer o eleitor de
que merece um segundo mandato. Pensa em algo que combine
crescimento econômico, geração
de emprego e continuidade da
política social.
Na semana passada, Lula e auxiliares comentaram reservadamente o desembaraço cada dia
maior de Alckmin para tentar
conquistar a indicação tucana ao
Palácio do Planalto.
O presidente se surpreendeu.
Acha que o governador paulista,
em movimentos arrojados, conseguiu momentaneamente deixar
Serra numa situação difícil para
ser escolhido pelo PSDB.
Lula avalia que enfrentará muita dificuldade para se reeleger
contra um adversário tucano, seja
ele Alckmin ou Serra. No entanto,
o presidente acredita que o governador paulista tem mais margem
de manobra do que o prefeito para surpreender numa eleição.
Seqüelas políticas
Lula acredita que a disputa entre
Alckmin e Serra deixará seqüelas
políticas para o escolhido e que isso o beneficiará, mostrando uma
imagem de desunião e lances de
puxada de tapete no PSDB.
O presidente fez essa avaliação
em outubro passado, quando disse a políticos de esquerda de Portugal e Itália que seria candidato,
que haveria muita luta entre seus
adversários e que sairia vencedor.
Acha que ela está se confirmando,
pois Alckmin, em uma série de
movimentos, dificulta a eventual
renúncia de Serra da prefeitura.
Lula pensa que não ganhará nada se anunciar sua candidatura
antes de o PSDB definir o seu rumo na sucessão. Quer ver a capacidade de agregação política do
escolhido e o impacto imediato da
escolha na mídia e na sociedade.
De acordo com membros do
governo, pesquisas qualitativas
do PT e do Palácio do Planalto
mostram que Alckmin seria potencialmente mais perigoso do
que Serra porque ainda tem alta
taxa de desconhecimento. Onde é
muito conhecido, como no Estado de São Paulo, aparece nas pesquisas em posição superior a Serra no embate com Lula.
De quebra, Alckmin poderá se
vender como novidade da eleição.
Já o prefeito de São Paulo é um
político nacionalmente conhecido e cuja intenção de voto hoje refletiria a lembrança de sua candidatura derrotada em 2002.
Serra é o tucano mais bem posicionado nas pesquisas para bater
Lula. Venceria o petista no segundo turno com vantagem de 14
pontos, segundo levantamento
do Datafolha de dezembro.
Na visão do presidente, parte da
intenção de voto que perdeu diretamente para o prefeito de São
Paulo nas pesquisas se deve mais
à decepção do eleitorado com ele
do que a um clamor pró-Serra.
Lula acredita que poderá recuperar parte dessa fatia de eleitores
com campanhas de propaganda
do governo federal em curso nos
principais Estados e com um programa eleitoral em rádio e TV no
qual possa defender sua gestão na
reta final da eleição.
Mais: Lula crê que Serra pagará
um alto preço se renunciar até 1º
de abril ao mandato de prefeito
para concorrer. Acredita que o tucano poderá perder votos no momento em que ele espera reconquistar algum apoio. Se essa previsão se confirmar nas pesquisas,
Serra enfrentaria turbulência já
em abril ou maio.
O presidente acredita que é boa
a polarização com o PSDB para
arregimentar o apoio de movimentos sociais que andam insatisfeitos com sua gestão.
Pretende se reunir com essas
entidades (centrais sindicais, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Confederação dos
Trabalhadores na Agricultura)
para dar o seguinte recado: sua
Presidência não foi a dos sonhos
para esse pessoal, mas o reajuste
do salário mínimo para R$ 350, o
aumento do financiamento para a
agricultura familiar e as políticas
sociais poderiam ter sido muito
menores e diferentes fosse outro o
ocupante do Palácio do Planalto.
Por último, Lula ainda fará um
esforço para tentar ter o apoio de
um grande partido e não apenas
de aliados tradicionais, como PSB
e PC do B. Leia-se: PMDB. É difícil
que isso venha a acontecer.
Mas o presidente ainda sonha
em ter o atual presidente do STF
(Supremo Tribunal Federal), Nelson Jobim, na vice. Jobim deverá
se filiar ao PMDB em abril, deixando a vaga no Supremo. Fará
ofensiva também para tentar selar
alianças com PL e PTB. O resto terá de "combinar com os russos",
no caso, os eleitores.
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