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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Estratégia adotada por Alckmin não é unanimidade dentro do partido; Serra tenta utilizar boa colocação nas pesquisas a seu favor
Disputa expõe fissuras do PSDB em SP
Caio Guateli - 12.dez.2005/Folha Imagem
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O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, convocado para intermediar a disputa no PSDB |
DA REPORTAGEM LOCAL
Na última semana, o PSDB expôs sua fissura com a iniciativa do
governador de São Paulo, Geraldo
Alckmin, de anunciar sua saída
do Palácio dos Bandeirantes até
31 de março, para tentar impulsionar sua pré-candidatura a presidente. Ao declarar antecipadamente sua saída, aliados de Alckmin acreditam que ele tenha imposto constrangimento ao prefeito de São Paulo, José Serra, que,
por ter se comprometido a cumprir o mandato, não pode fazer o
mesmo neste momento.
A deflagração da crise levantou
dúvidas sobre o cenário tucano. A
Folha ouviu representantes do
partido e aliados dos dois lados
numa tentativa de mapear o ambiente interno. Serra é o tucano
mais bem colocado nas pesquisas
de opinião. Levantamentos apontam o prefeito à frente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva já
no primeiro turno e com larga
vantagem no segundo. Já Alckmin perderia do petista no primeiro estágio e estaria empatado
tecnicamente no segundo.
A seguir algumas das dúvidas
levantadas nos últimos dias e as
avaliações dentro do partido.
É possível que, pela primeira vez
em sua história, o PSDB leve a decisão para uma convenção?
Como o prazo final para a renúncia dos candidatos que ocupam
cargos eletivos é 1º de abril, os tucanos acreditam que o ideal será
construir um consenso até o fim
de março. Assim, só o escolhido
pelo partido terá que deixar seu
posto, seja na prefeitura ou no governo do Estado. O partido poderia evitar que os dois pré-candidatos deixassem seus postos ao mesmo tempo, entregando as administrações para o PFL -o vice de
Serra é Gilberto Kassab e o de
Alckmin é Cláudio Lembo.
Em caso de convenção, os dois
seriam obrigados a optar pela desincompatibilização. Porém, embora Alckmin insista que o partido chegará a um entendimento,
há quem aposte em sua disposição de levar a disputa até o fim.
Quais são as estratégias de Alckmin e Serra e suas principais armas
para convencer o partido?
O governador Alckmin se fiará
em algumas características:
a) o conceito da naturalidade de
sua candidatura [a liberdade de se
declarar candidato];
b) o discurso de ter cumprido
etapas: foi prefeito e duas vezes
governador;
c) apoio de empresários;
d) a liderança no Estado;
e) o jeito de bom moço;
f) a imagem de administrador
competente e dedicado;
g) a boa avaliação de sua administração, segundo pesquisas.
Já Serra tende a explorar os seguintes pontos:
a) a liderança nas pesquisas, o
que confere apoio dos tucanos em
outros Estados;
b) visibilidade nacional, inclusive entre eleitores de mais baixa
renda, graças à paternidade de
propostas como a dos genéricos e
bolsa-alimentação;
c) maior influência sobre as
bancadas no Congresso;
d) discurso de que é estadista,
por sua experiência política;
e) maior apoio do PFL;
f) a boa avaliação de sua administração.
Com quem eles podem contar,
dentro e fora do partido?
O prefeito Serra tem a simpatia de
Jorge Bornhausen e Cesar Maia
no PFL. Também tem laço com
Roberto Freire (PPS), Michel Temer e Jarbas Vasconcelos (ambos
do PMDB).
Dentro do partido, sua "tropa
de choque" inclui Jutahy Magalhães, Alberto Goldman, Arthur
Virgílio, Eduardo Paes e Sebastião
Madeira.
Alckmin tem o apoio dos líderes
regionais dos partidos que o
apóiam em São Paulo. No PSDB,
conta com a simpatia de José Aníbal, Dante de Oliveira e do presidente do partido, Tasso Jereissati,
além dos pré-candidatos tucanos
ao governo, todos dependentes de
seu apoio para um bom desempenho na eleição de outubro.
Qual é a análise do potencial de
Serra e de Alckmin para a eleição?
Segundo análises dentro do partido, Alckmin teria um perfil mais
conciliador e menor índice de rejeição. Além disso, seu potencial
de crescimento ainda é uma incógnita. Aliados do governador
repetem a tese de que, onde é conhecido, Alckmin vai muito bem.
Onde ainda não tem seu nome fixado, o tucano teria largo potencial de crescimento.
Serra foi o adversário de Luiz
Inácio Lula da Silva em 2002. Há o
temor de que sua candidatura seja
vista como uma espécie de "revanche" do pleito que perdeu. Só
que o prefeito já ocupou o espaço
do "anti-Lula" e, com isso, viu
ampliar suas intenções de voto
por todo o país e em diferentes estratos (nível de renda, de idade, de
escolaridade).
O partido corre o risco de rachar
antes da eleição?
Sim. E, para conter uma fissura,
foi escalado o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Tasso e
o governador de Minas, Aécio Neves, também foram recrutados
para o trabalho de reconciliação.
A estratégia de Alckmin foi bem
recebida dentro do partido?
Há controvérsia. Enquanto alguns reconhecem que essa era sua
única chance de ter maior visibilidade, outros lamentam que tenha
exposto a disputa interna, precipitando a necessidade de intervenção do comando do partido.
Quais as características que os tucanos procuram em seu candidato?
Em primeiro lugar, a capacidade
de superar Lula. Mas sem correr o
risco de derrota em São Paulo.
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