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Rainha critica Alckmin e diz que governador deveria ter saído antes
CRISTIANO MACHADO
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM
PRESIDENTE PRUDENTE
O principal líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra) do Pontal do Paranapanema (extremo oeste de São
Paulo), José Rainha Jr., 45, criticou, na última quarta, a política
agrária do governador Geraldo
Alckmin (PSDB), ao mesmo tempo em que o movimento promove a maior onda de invasões na região desde 2002.
A respeito do anúncio de Alckmin de que irá se licenciar do cargo até abril, para concorrer à Presidência da República, Rainha
disse que "ele deveria ter saído antes". O MST invadiu 11 fazendas
no Pontal do sábado, dia 7, à
quarta, dia 11, em protesto contra
o não cumprimento da promessa
feita pelo governador em 2003 de
assentar 1,4 mil famílias.
"Estou no Pontal há 15 anos.
Aqui o governador Alckmin não
fez nada. A única coisa que fez foi
trazer a guerra para a região,
transferindo a elite da bandidagem com a desativação do Carandiru, enchendo de líderes de facções que usam até mísseis nas
suas ações", afirmou.
Rainha disse considerar que falta ao governo paulista um projeto
de desenvolvimento para a região. "Qual é o projeto que o Estado tem para os assentamentos? O
que faz para o pequeno agricultor? Ele deixa a miséria e o atraso
tomarem conta disso aqui."
Rainha refutou a tese do diretor
do Itesp (Instituto de Terras do
Estado de São Paulo), Jonas Villas
Boas, segundo a qual a União não
repassa verba para o cumprimento das metas.
"Eles falam que não têm dinheiro [para assentar as famílias]. Dinheiro tem, mas o que falta é vontade política para fazer a reforma
agrária", disse.
"De fora"
Temendo represálias da Justiça,
Rainha disse estar "totalmente de
fora" da articulação e da realização das invasões.
"Estou batalhando para articular os assentamentos, buscando
parcerias com prefeituras da região e outros órgãos para implantar projetos e mudar esse quadro.
É isso que venho fazendo porque
essa hoje é a minha missão. Porque quero um Pontal produtivo."
No entanto, setores do MST que
romperam com o líder afirmam
que a maior parte das ações é de
sua responsabilidade e executada
por pessoas de sua confiança.
Rainha nega: "Quem define a
necessidade de ocupação é o
acampamento, é o povo. A iniciativa de realizá-las foi da coordenação de cada acampamento".
O coordenador do MST disse,
entretanto, "orientar a coordenação a continuar a luta pela reforma agrária".
Justiça
Beneficiado por um habeas corpus do STJ (Superior Tribunal de
Justiça), Rainha responde em liberdade a uma condenação de
dez anos de prisão em regime fechado por crimes que teria praticado em uma invasão, seis anos
por incêndio e quatro por furto
qualificado. Os delitos teriam sido
cometidos durante a invasão da
fazenda Santana Dalcídia, em
Teodoro Sampaio, há cinco anos.
Desde sua chegada ao Pontal,
em 1991, Rainha foi preso quatro
vezes e responde a dezenas de
processos por invasão de terra.
Ainda em 2005, acusado de depredação, disparo de arma de fogo, furto e incêndio durante uma
invasão, Rainha foi preso preventivamente em Mirante do Paranapanema. O Ministério Público engrossou o pedido ao acusá-lo de
incitação à violência por ter anunciado novas invasões. Nove dias
depois, foi solto graças a uma trégua de invasões negociada entre o
MST e o Ministério Público.
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