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Governo italiano critica Brasil por conceder asilo a terrorista
Ministério pede explicações ao embaixador brasileiro em Roma sobre Cesare Battisti
Decisão de Tarso Genro é atacada até por políticos de oposição a Silvio Berlusconi; deputado pede rompimento de relações diplomáticas
Nelson Almeida/France Presse
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Tarso Genro concede entrevista sobre Cesare Battisti; segundo ele, decisão não foi política
DA REPORTAGEM LOCAL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O governo italiano pediu ao
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva que reveja o refúgio concedido anteontem ao terrorista
italiano Cesare Battisti. O Ministério das Relações Exteriores da Itália convocou o embaixador brasileiro em Roma,
Adhemar Gabriel Bahadian,
para prestar esclarecimentos.
Em nota, a chancelaria italiana disse que recebeu com "surpresa e forte pesar" a notícia do
refúgio, "contrariando o estabelecido pelo Comitê Nacional
para os Refugiados", e chamou
Battisti de um "terrorista responsável por gravíssimos crimes que nada têm a ver com o
status de refugiado político".
Battisti é acusado de ter assassinado o marechal da guarda
penitenciária Antonio Santoro,
que o PAC (Proletários Armados pelo Comunismo) acusava
de maltratar detentos, e o agente da polícia Andrea Campagna,
encarregado de prender os suspeitos de matar o joalheiro Luigi Torregiani -na qual Battisti
é acusado de cumplicidade. Ele
ainda é acusado de ser cúmplice na morte do açougueiro Lino
Sabbadin, militante neofascista. As mortes ocorreram em
1978 e 1979.
O Itamaraty disse que o convite ao embaixador em Roma
não deve ser visto como algo
"excepcional" e que ele já enviou relato da reunião.
Battisti, 54, foi militante do
PAC nos anos 70. Preso no Brasil desde 2007, recebeu anteontem, do ministro da Justiça,
Tarso Genro, o status de aliado
político.
O caso de Battisti uniu políticos aliados ao governo de centro-direita de Silvio Berlusconi
e também da oposição. Alguns
pedem ruptura de relações.
O ministro italiano do Interior, Roberto Maroni, da Liga
Norte, disse que a decisão "é
um erro muito grave do governo brasileiro, que ofende as vítimas do terrorismo, o sistema
judiciário e o povo italiano".
Maurizio Gasparri, presidente dos senadores do Povo da Liberdade, a coalizão governista,
disse que a Itália "deve assumir
imediatamente iniciativas para
exprimir às autoridades brasileiras o desdém e a condenação
do povo italiano por uma decisão vergonhosa e inaceitável
que deverá ser modificada".
Até o deputado de centro-esquerda Piero Fassino, dirigente
do Partido Democrático (PD),
discordou da decisão: "Existe
uma avaliação errada dos crimes cometidos ligados aos crimes políticos, como se estes tivessem uma conotação diferente. Quando se mata um homem, é justo que se pague".
O deputado do Partido Democrático, Marco Minniti, "ministro da Justiça" do governo
paralelo, disse que "é justo que
Battisti cumpra sua pena na
Itália". Antonio Di Pietro, ex-juiz da Operação Mãos Limpas
e deputado do partido de centro-esquerda Itália dos Valores,
criticou o governo Lula e disse
que "Battisti é um assassino e
deve permanecer na prisão".
O deputado Luca Volonté, do
oposicionista União dos Democratas Cristãos e Democratas
de Centro, viu na decisão um
"insulto à dignidade da Itália" e
pediu a ruptura das relações diplomáticas: "Agora basta".
Colaboraram a Sucursal de Brasília
e as agências internacionais
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